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Questionámos uma série de gestores de fundos sobre os maiores erros que se podem cometer ao fazer investimentos. Conheça bem esses erros para evitar cair neles.

Nos nossos questionários a gestores de fundo obtivemos centenas de respostas, mas salientaremos apenas aquelas mais relevantes:

1. Howard Marks, copresidente da Oaktree Capital Management: expectativas irrealistas

“… as pessoas tendem a meter-se em sarilhos ao investir quando têm expectativas irrealistas, especialmente quando uma dessas expectativas é que podem obter lucros maiores sem que o risco aumente. Essa é uma expectativa muito perigosa. Qual é a coisa mais difícil de se omitir? Eu penso que seja a consciência do risco. Penso que o maior feito num investimento não é fazer muito dinheiro, mas sim fazer muito dinheiro com um risco menor que o comensurável. Por isso, o investidor tem de compreender o risco, estar bem ciente dele, controlá-lo e reconhecê-lo quando o vê. As pessoas que eu considero serem mesmo grandes investidores são distinguidos pelos excecionais níveis baixos de perda e pela infrequência de maus anos. Essa é uma das razões por que devemos pensar em grandes investimentos em termos de períodos de tempo longos.

O desempenho de curto prazo é um impostor. O negócio dos investimentos está cheio de pessoas que se tornaram famosas por terem acertado uma vez. Se leu o livro Fooled by Randomness da autoria de [Nassim] Taleb, consegue compreender que acertar uma vez não prova nada. Pode acertar uma vez por mera sorte. A lei dos grandes números diz que se obtiver mais resultados, tem tendência a afastar os erros ocasionais. A média amostral tende a convergir com a média universal. Por outras palavras, a realidade aparente tende a convergir com a verdadeira realidade subjacente. Os grandes investidores são as pessoas que fizeram investimentos durante um longo período de tempo e que fizeram muito dinheiro e os seus resultados mostram que isso não foi por acaso – que o fizeram consistentemente. Na minha opinião, a forma de investir consistentemente é fazê-lo ciente do risco e limitá-lo.”

2. John Lambert, gestor de investimentos na GAM: falta de opiniões

“Se compararmos a profissão de investidor com outras profissões, os primeiros sofrem com a inconfundível falta de informação útil e opiniões que lhes permitiria melhorar os seus processos e, por fim, os seus resultados. É difícil saber onde e como fazer pequenas melhorias numa série de competências necessárias para obter os melhores resultados, e consequentemente, isso é muitas vezes posto de lado e esquecido. Isso seria um erro. Esforçar-se para compreender as nossas forças e fraquezas como investidor a partir da desconstrução e da ponderação o mais exaustiva possível do nosso processo é algo que um indivíduo cuidadoso deve estar constantemente disposto a fazer. A analítica e a melhoria do processo deve ser uma das partes essenciais de qualquer processo de investimento!”

3. Mariko Gordon, diretora de investimentos da Daruma Capital Management: preconceitos e teimosia

“É muito importante não se ser preconceituoso e teimoso. É preciso ter-se uma mente aberta, mas também tem de se ser disciplinado e informado, assim como firme.”

4. Jean-Marie Eveillard, consultor sénior da First Eagle Funds: não se ser investidor em valor

“Se for um investidor da área do imobiliário, se possuir alguns edifícios ou se possuir nem que seja apenas um edifício, não precisa de se preocupar muito com o seu preço dia-a-dia pois não existe uma transação diária. É um pouco mais fácil ser um proprietário de longo prazo se possuir imobiliários, ou ativos ilíquidos no geral, do que ser proprietário de ações que são negociadas diariamente. Não é por acaso que Buffet é um dos homens mais ricos do mundo. É porque ele tem uma abordagem muito consistente ao investir. Não é uma receita, nem uma fórmula. É claro que o seu enorme sucesso está fortemente relacionado com as suas próprias competências extraordinárias. Mas quando escreveu aquele artigo em 1984 foi uma tentativa, que de uma forma foi muito humilde, de dizer que o seu próprio sucesso que já era evidente nos meados dos anos 80, não se devia apenas às suas competências, mas também à forma consistente das suas abordagens de investimento. A maioria dos investidores, incluindo os investidores profissionais, têm uma abordagem de investimento - e talvez não consigam evitar tê-la, pois existe aquilo que Jeremy Grantham chama de risco de carreira, que é algo do qual não se deve ter vergonha. O erro que cometem é prestar demasiada atenção ao curto prazo. Ben Graham estava certo, [o mercado] de curto prazo é uma máquina de votação.

Se investir em função do curto prazo ficará nas mãos da psicologia do mercado. Já se investir a longo prazo, é uma máquina de ponderação que pondera e avalia as realidades do negócio. O francês que me disse “hei, se nós franceses não compramos essa ação tão pequena que possui, o seu valor nunca vai aumentar”. Bem, não. Isso não é verdade. O seu valor pode demorar um longo período de tempo a aumentar, mas se merecer aumentar, então vai mesmo aumentar.”

5. Larry Sarbit, diretor de investimentos da Sarbit Advisory Services: emoções

“Os investidores permitem que as emoções controlem as suas decisões relacionados com os investimentos. Esse é sem dúvida o maior problema. Não param de maneira alguma um pouco para pensar. Não dedicam muita ponderação naquilo que estão a fazer e por isso, não me surpreende que as coisas não funcionem tão bem. Estes investidores são o seu próprio pior inimigo. Fazem mais mal a eles próprios do que se fosse outra pessoa a fazer-lhes a eles. Se ao menos agissem como se fossem à mercearia, mais uma vez tal como disse Ben Graham, se ao comprar ações o fizessem como se fossem fazer as suas compras habituais da mercearia em vez de imaginar que estão a comprar um perfume, fariam muito melhor. Mas não, e não há muito que se possa fazer por esta gente. A verdade é que nem toda a gente vai fazer dinheiro com o mercado das ações. A grande maioria das pessoas não faz dinheiro. É triste mas é quase como se fosse já uma lei, é mesmo assim. O dinheiro entra na pior altura e sai na pior altura. Posso dizer-lhe que neste preciso momento estamos a assistir a uma viragem do mercado para o sul por causa do aumento das taxas de juro. Se os mercados continuarem a descer ou se não se moverem nos próximos três anos, consigo ver exatamente o que os investidores vão fazer. Vão sair, vão deixar de investir e vão sair.

É sempre, sempre, sempre a mesma coisa, geração após geração, década após década, século após século. O comportamento repete-se uma e outra vez. Não há muito que se possa fazer em relação a isso. Mas é isso que cria oportunidades incríveis para se comprar coisas. É o que isso nos proporciona – é nisso que as pessoas não pensam.”

6. Brian Lawrence, fundador da Oakcliff Capital: não ter o temperamento certo

“[O seu único grande erro é] não ter o temperamento certo ou equilíbrio suficiente nas suas vidas para lidar com a humilde experiência dos mercados. A grande crise encontrou as fendas de muitas relações e os demónios em muitas personalidades. Buffet fala das consequências financeiras de uma “maré vazante”, mas também devemos pensar nas consequências psicológicas. Certamente que os corretores não têm de insistir muito para fazer com que os seus clientes mudem de gestores após uma maré de azar.”

7. Mark Cooper, gestor de portefólio na First Eagle: seguir moda

“… tem muito a ver com os investidores não se sentirem confortáveis no seu papel e tenderem a ir atrás de coisas que são talvez o último grito ou moda de agora. E é preciso ter paciência e seguir a sua filosofia de investimento até ao fim, mas também não se pode ter medo de se estar a perder alguma coisa. Felizmente, à medida que os investidores vão ganhando experiência ficam mais confortáveis com aquilo que sabem e com o seu círculo de competência. Não se preocupe tanto com o que está fora desse círculo ao ponto de querer reduzir o universo dos investimentos ou o que possivelmente pode seguir ou ainda com aquilo que pode ficar a saber, e foque-se nisso. E se surgirem oportunidades, aproveite-as. Mas se estiver sempre preocupado com o que os outros fazem ou com o que poderá resultar nos próximos três meses ou no ponto em que se encontra agora até ao final do ano, olhe que mudar de estratégia de repente costuma colocar as pessoas em sarilhos.”

8. Brian Boyle, diretor de investimentos da Boyle Capital: excesso de confiança

“O maior [erro] que eu vejo é o excesso de confiança. Mas os mercados têm maneiras de tratar disso. Este pode ser um negócio humilhante e é importante não nos esquecermos disso.”

9. Lisa Rapuano, gestora de portefólio na Lane Five Capital Management: ser-se humano

“[O único grande erro é] ser-se humano? A sério. O mais importante a fazer é compreender o seu temperamento e competências, desenvolver um plano e cingir-se a ele. Mas a natureza humana segue sempre aquilo que parece bem, quer provas sociais quer a agir com medo e ganância em tempos de stress. Perceber como reage pessoalmente às coisas e criar uma estrutura que o ajude a melhorar os seus pontos fortes e a minimizar a tendência para o erro é uma grande vantagem. Infelizmente, parece que tudo está voltado contra nós. Mesmo sendo profissionais, a estrutura da indústria cria pressões para estarem em conformidade com formas estúpidas de investir, nas quais ou elas arranjam ativos ou pelo menos fazem com que não se seja despedido. Para pessoas individuais é ainda pior. Retirar-se da euforia e da pressão exige muito mais trabalho e mesmo assim comete-se erros. Por outro lado, é exatamente isso que torna o nosso trabalho tão fantástico: pode-se sempre melhorar, pode-se sempre aprender algo de novo e nunca, em circunstância alguma é aborrecido.”

10. Barry Pasikov, managing member da Hazelton Capital Partners: falta de disciplina

“[O único grande erro é a falta de] disciplina. Todos os investidores começam apenas com a melhor das intenções, no entanto, a frustração e a tentação misturadas com alguma dúvida de si próprios podem desorientar qualquer um. Existem quatro disciplinas que eu uso como referência no caminho do investimento em valor:

  • Ser verdadeiro com a minha estratégia;
  • Estar atento ao excesso de confiança;
  • Controlar as emoções;
  • Paciência.

A profissão de investidor é fácil de se compreender, mas a sua execução é muito desafiante e esse desafio vem na forma de disciplina."

11. Richard Cook e Dowe Bynum, diretores da Cook & Bynum Capital Management: investir sem uma margem de segurança

“Noutras situações enumerámos alguns erros:

  • Ter uma perspetiva de curto prazo
  • Sobrevalorizar a força e a longevidade das vantagens/defesas competitivas,
  • Investir baseado em informações inadequadas

Porém, o único grande erro tem de ser investir sem uma margem de segurança (ou seja, não comprar uma empresa quando esta tem um grande desconto devido a uma apreciação conservadora do seu valor intrínseco). Já agora, os créditos desta ideia vão para Ben Graham, que escreveu uma vez: “Confrontados com o desafio de destilar o segredo para um bom investimento em três palavras, arriscamos o lema “Margem de Segurança”. Existe uma excelente citação que é normalmente atribuída ao físico Niels Bohr: “A previsão é muito difícil, especialmente a do futuro”. Na sua essência investir trata-se de prever os futuros fluxos de caixa de um negócio ou indústria, o que significa que os investidores como nós vão inevitavelmente cometer erros ao avaliar a qualidade de um negócio ou das pessoas que o gerem. Uma margem de segurança adequada serve para prevenir perdas constantes de capital quando um investidor se engana e para proporcionar lucros elevados quando acerta. Só gostamos de jogar este jogo quando sabemos que a sorte está sempre do nosso lado.”

12. Simon Denison-Smith, cofundador da Metropolis Capital: não analisar a fundo

“… os investidores que não analisam a fundo ou dedicam a devida diligência a todos os cargos nos quais investem correm riscos significativos. A falta de compreensão aprofundada sobre um cargo leva a dois problemas específicos:

  1. É muito mais difícil ter uma convicção de qual é o valor fundamental da ação sem essa compreensão, o que torna psicologicamente mais difícil comprar quando o mercado proporciona um preço atrativo e ter a disciplina para vender quando o mercado está excessivamente abundante.
  2. É muito mais difícil gerir o risco, especialmente quando se pretende verificar se mudou alguma coisa fundamental na empresa.

Nestes últimos três anos e meio deixámos três cargos com prejuízo, em que a descida da cotação da ação subsequente à nossa desistência foi entre 70 a 90%. Mantínhamo-nos próximos das três empresas para conseguirmos apreciar o impacto do fluxo das notícias que corria no domínio público mas não recebemos a total apreciação do mercado.”

13. Brian Bares, gestor de portefólio da Bares Capital Management: errar em coisas simples

“A minha experiência diz-me que os investidores individuais metem-se mais em sarilhos por coisas muito simples: hábitos de poupança, diversificação adequada e por se ficarem pelas suas políticas de investimento. Os meus colegas do investimento institucional provavelmente metem-se em sarilhos quando confundem familiaridade com excelência. Pode-se até conhecer tudo o que há para conhecer sobre uma ideia, mas isso não faz necessariamente dela uma boa ideia. É também muito difícil saber quando há um limite, mas na minha experiência esse é o fator crítico que permite que nos destaquemos no mundo super competitivo da gestão financeira institucional.”

14. Amitabh Singhi, diretor geral da Surefin: imprudência

“… a maioria das pessoas gosta do processo de se criar riqueza mas não gosta do processo da sua gestão, o que leva a comportamentos imprudentes de investimento. A maioria das pessoas que não aplicam à gestão da riqueza as mesmas regras que aplicam à criação dessa riqueza não levam a última com a seriedade necessária. Por exemplo, muito raramente uma pessoa criaria um negócio que não compreendesse. Assim, sendo, porque é que haveria de investir em situações que não compreende a fundo?”

15. Ori Eyal, fundador da Emerging Value Capital Management: a forma de investimento não conservadora

“A chave para a criação de riqueza de longo prazo é não obter lucros elevados. Em vez disso, deve-se conseguir obter bons lucros e evitar (ou minimizar) os abalos. O grande erro que os investidores cometem não tem a ver se a sua forma de investimento é ou não conservadora. O mundo é um lugar perigoso para o capital. A inflação, a expropriação, a revolução, a desvalorização da moeda, os declínios da indústria, as guerras, os desastres naturais, as depressões, os colapsos dos mercados, os cisnes negros, o roubo, a fraude, os impostos, todos são uma ameaça constante e oculta à produção (ou mesmo à manutenção) de riqueza ao longo do tempo. Num determinado ano, a probabilidade de ocorrência de desastre é pequena. Mas ao longo de muitos anos e décadas, qualquer coisa que possa correr mal eventualmente irá correr mal.”

16. Alan Zafran, sócio da Luminous Capital: emoções

“Os investidores pecam na adoção de uma filosofia pessoal de investimento e de se cingir a ela, contra tudo e contra todos. Somos todos humanos, certo? É tão fácil sucumbir à emoção e deixar o “medo e a ganância” orientarem as suas decisões de afetações de ativos e de investimentos. Obviamente que, de uma perspetiva investidora, nada poderia estar mais longe do racional.”

17. Aaron Edelheit, fundador da Sabre Value Asset Management: os próprios investidores

“[O único grande erro que impede os investidores de conseguirem atingir os seus objetivos são] eles próprios. A combinação de emoção, medo de perda, ambição por ganhar, a forma como o nosso cérebro raciocina, são tudo questões importantes para um investidor e são poucos os que lhes dão atenção. Acho que conhecer-se bem a si mesmo – quais as suas fraquezas e quais as suas forças – é crucial para se ser um bom investidor. Eu faço isso todos os dias.”

18. Zeke Ashton, gestor de portefólio da Centaur Capital Partners: falta de uma estratégia investidora

“Provavelmente existem infinitas maneiras de uma pessoa estragar tudo. Contudo, penso que uma grande percentagem dos possíveis erros que os investidores possam cometer está ligada à falta de uma estratégia investidora coerente que faça sentido e que possa ser seguida com disciplina e perseverança. Sem uma referência inteligente para se tomar decisões é extremamente difícil ser-se bem-sucedido.”

19. Ken Shubin Stein, fundador da Spencer Capital Management: falta de listas

“… todos os investidores podem tirar partido de um diário de investimentos e de listas de verificação ao fazer as suas pesquisas. Estas duas ferramentas muito simples irão não só ajudar as pessoas a manterem-se concentradas nos seus objetivos e a cingir-se à sua estratégia, como também irão ajudá-las a evitar cometer erros por impulso. Também vão proteger os investidores de algumas tendências cognitivas às quais todos nós estamos sujeitos. Na lista de verificação é possível colocar não só as etapas necessárias para se fazer a pesquisa, como também uma lista de erros ou problemas que já aconteceram e que devem ser evitados, e ainda uma lista de tendências cognitivas. Esta ferramenta permite que o investidor verifique e pondere sobre se existem ou não forças que poderão estar a ativar algumas tendências cognitivas, e se for o caso, as poder ter em consideração.”

20. Guy Spier, CEO da Aquamarine Capital Management: método errado

“O maior erro que nós, como investidores cometemos é pararmos de pensar como diretores. Acho que quando pensamos como se fôssemos diretores, quando aplicamos a máxima de Ben Graham que diz que durante um negócio devemos tratar todos os títulos de capital próprio quase como se fossem já nossos e pensar como se fôssemos proprietários da dita empresa, o tipo de tomada de decisão que surge dessa perspetiva normalmente é uma boa tomada de decisão de investimento.”

21. Igor Lotsvin, gestor de portefólio da Soma Asset Management: ser-se emocional

“ [O único grande erro é] reagir às euforias do mercado e ser-se emocional. Os mercados são muitas vezes muito irracionais em períodos de tempo curtos – os investidores têm de ter a sua própria avaliação de uma determinada situação e não serem escravos do mercado.”

22. Don Yacktman, presidente da Yacktman Asset Management: não aprender com os seus erros

“Quando alguém comete um erro, admite-o, aprende com ele, segue em frente e tenta melhorar para que esse erro não se volte a repetir mais vezes.”

23. Mark Massey, gestor de fundos da AltaRock Partners: apostas mútuas

“Vêm-me várias coisas à cabeça quando penso sobre isso…

  • Tomar decisões emocionais
  • Pensamento a curto prazo em vez de ser a longo prazo
  • Falta de rigor em matéria de diligências adequadas

Todas elas são um problema, mas penso que a melhor resposta à pergunta é um pouco mais subtil.

A maioria dos investidores falham em pesar adequadamente e a ter em consideração que são todos jogadores num jogo de apostas mútuas (pari-mutuel). Por isso, muito provavelmente já sabe o que eu quero dizer com isso, mas deixe-me elaborar mais um pouco.

Então, a maioria das pessoas sabe como funcionam as apostas hípicas, certo? Antes de uma corrida começar, apontam-se todas as apostas, e baseando-se nelas, são calculadas as probabilidades… assim, o que acontece é que os melhores cavalos - os que têm melhor pedigree, os melhores jóqueis e os melhores históricos – são os acabam por dar menos lucro quando ganham, o que é o que acontece na maioria das vezes. E enquanto a recompensa caso um dos piores cavalos ganhe a corrida possa ser grande, o facto é que raramente isso acontece.

Investir é quase a mesma coisa. As grandes empresas - as que demonstram vantagens competitivas e que têm desfrutado de longos históricos de sucesso – são quase sempre valorizadas a preços muito altos, enquanto as empresas mais fracas são quase sempre francamente baratas. Consequentemente é difícil fazer melhor do que a média ao apostar nas duas. O segredo para vencer nas corridas de cavalos e nos títulos é o mesmo. É preciso estudar bem a coisa e ser-se muito paciente. De vez em quando irá deparar-se com grandes empresas (ou “cavalos”) que por alguma razão foram mal valorizadas, às vezes de forma absurda e é aí que deve investir (“fazer a aposta”). De resto continua a trabalhar no duro e a esperar. Só aposta quando tiver a certeza absoluta.”

24. Pat DORSEY, diretor de investimentos da Dorsey Asset Management: confundir crescimento com vantagem competitiva

“As pessoas confundem crescimento com ter um fosso. Todos podem crescer. Todos podem crescer com a abertura de novas lojas, ou com a depreciação de um produto. Isso não significa que o negócio ou a empresa seja sustentável e como investidores estamos a comprar o futuro, por isso, é a sustentabilidade que realmente importa. Há uma concorrente da Aggreko, uma empresa para a qual temos feito muito trabalho que é atualmente chamada de APR Energy, que está cotada no Reino Unido mas é sediada em Jacksonville, na Florida, e têm vindo a conseguir alguns negócios da Aggreko devido à – estamos bastante seguros – depreciação.”

25. David Steinberg, sócio-gerente da DLS Capital Management: erros de investimento em valor

“Não pode estar em negação, tem de ser pragmático. É pragmatismo e reconhecer que somos todos humanos no nosso entender, e que cometemos erros. Reconhecer os erros e ser capaz de tomar uma ação sobre esses erros para mudar o seu curso, algo a que chamaríamos de flexibilidade, flexibilidade de pensamento. Por muito que se precise de disciplina e de capacidade para a manter, também é preciso ter capacidade para identificar quando é preciso mudar de direções e ter a flexibilidade para reconhecer que algo mudou e agir de forma adequada em função dessa mudança. É uma função de um tipo diferente de disciplina. Uma disciplina de reconhecimento de mudança dos ventos.”

26. Martin Conder, diretor da Novum Capital: erros de investimento em retalhistas

“Tenho feito mais vezes erros em fossos de retalhistas. Um retalhista com uma forte presença física em boas localizações pode parecer bem protegido, no entanto, para além dessas fossas serem eliminadas pela concorrência online, o mercado retalhista é muito fluido pelos gostos, os formatos das lojas em constante mudança e o tráfego muito ágil. Por exemplo, no Reino Unido a Jessops e a Woolworths pareciam ser marcas bem estabelecidas e apreciadas no país e agora estão extintas.”

27. Peter Kennan, sócio-gerente da Black Crane Capital: erros ao investir na Ásia

“O maior problema da Ásia é que este continente é quase um paradoxo, porque as pessoas vêm aqui pelo crescimento e pela diversidade. Novas oportunidades trazem diversidade e há crescimento, quanto a isso não há dúvidas. O problema da China - e eu sou baixista em relação ao crescimento da China. Não quero dizer que vai voltar aos 10 por cento, mas será seis, sete porcento e vai crescer em relação aos anos anteriores.

Contudo, isso não significa necessariamente criação de lucro para os acionistas e há muitos investidores que chegam aqui com um horizonte temporal muito curto. A volatilidade pode simplesmente inundá-los. Se olhar para os rácios preço/lucro atuais em média na China estão muito baixos e a um bom preço. Depois noutras alturas esses rácios já estiveram muito altos e têm ações distintas o que faz com que as pessoas fiquem convictas e entusiasmadas porque se sentem mais seguras seja lá qual for a razão. Um rácio preço/lucro de 30x é muito comum entre as ações mais populares da China. A média é de 11x, por isso se tiver uma ação que seja de 30x e a coisa não correr muito bem, terá uma grande queda.”

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