7 Erros que os investidores cometem num mercado em alta
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Num mercado com uma tendência de subida constante os investidores sentem-se confiantes e cometem sempre os mesmos 7 erros.

Após os seis anos em que temos vindo a assistir ao aumento dos preços das ações nos EUA, não há dúvida de que os investidores estão mais ricos. Mas eles também poderão estar a pensar com um pouco menos de clarividência.

“Num “bull market” [i.e. um mercado com tendência altista], existe a tendência dos investidores pensarem que são brilhantes”, afirma Brad Barber, professor de economia da Universidade da Califórnia e perito em comportamento financeiro. De facto, à medida que os preços das ações sobem, também a confiança dos investidores cresce, e eles começam a fazer todo o tipo de afirmações duvidosas.

Eis sete comentários que provavelmente ouviu de amigos – e que até podem ter escapado pelos seus próprios lábios.

1. “Bati o mercado”

Os investidores comparam habitualmente o seu portfólio de ações com o do S&P 500, um índice de grandes empresas norte-americanas. Essa é uma comparação fácil num ano como o de 2015, quando as ações em países estrangeiros e em empresas americanas mais pequenas estão a ultrapassar o S&P 500.

O melhor desempenho das ações estrangeiras ou de empresas pequenas pode impulsionar os ganhos do seu portfólio, de forma a que possa bater o S&P 500 – mesmo que esse portfólio não esteja a bater um índice que registe o mercado global de ações.

Se o S&P 500 não estiver a oferecer uma comparação favorável, os investidores frequentemente trocam de índice, ou ignoram os resultados a um ano e focam-se, no seu lugar, nos resultados a três ou a cinco anos.

Ou até podem nem sequer utilizar um índice – e, em vez disso, comparar os seus resultados com os fundos mútuos medíocres comprados pelo seu cunhado.

2. “As minhas escolhas de ações ganharam tanto dinheiro”

Os preços das ações triplicaram desde 2009, por isso qualquer pessoa que tenha tido ações durante os últimos seis anos deverá ter amealhado boas quantias. “Mas nós atribuímos os ganhos à nossa própria perícia”, afirma Barber.

Isto tem uma vantagem, já que os indivíduos autoconfiantes vão ser mais felizes. O problema é que eles também terão tendência para negociar demasiado e fazer apostas de investimento exageradas e pouco diversificadas.

Essa tendência pode tornar-se cada vez pior à medida que as ações vão aumentando, segundo o especialista. Os investidores não só ficam mais convencidos, como também sentem que sabem mais que o próprio jogo. Tal como os jogadores de casino que têm sorte numa determinada noite, também aqui “se sente o mesmo efeito do “dinheiro da casa””, explica Barber. “Estamos dispostos a correr mais riscos, porque sentimos que estamos a jogar com os lucros.”

3. “A culpa é do banco federal”

O que acontece quando os nossos investimentos não resultam? Em vez de assumirmos a responsabilidade, culpamos os outros.

“Quando o nosso portfólio de obrigações registou bons resultados nos anos mais recentes, isso deve-se às nossas boas decisões”, considera John Nofsimger, autor do livro “The Psychology of Investing” e professor de economia na Universidade de Alaska Anchorage. “Mas quando se trata do recente mau desempenho do mercado de obrigações, culpamos o banco federal.”

As obrigações passaram por dificuldades durante o último mês, à medida que a referência a 10 anos do Tesouro subiu de menos de 1,9% para mais de 2,2%, empurrando para baixo o preço das obrigações.

Em alternativa, podemos simplesmente reescrever a história. “Deturpamos as nossas memórias para nos sentirmos melhor”, afirma Nofsinger. “Simplesmente ignoramos o facto de que os nossos 401 (mil) não estiveram tão bem no último ano.”

4. “O meu portfólio cresceu tanto”

Isso poderá ser verdade. Mas quanto desse crescimento é proveniente das nossas poupanças, em vez dos lucros dos nossos investimentos?

Se estamos desiludidos com o desempenho do nosso investimento, “podemos mudar e em vez de medir os ganhos dos investimentos, medir o nível de investimento”, diz Nofsinger. “Se o meu lucro é negativo mas as contribuições permitiram à mesma um aumento do nível [de investimento], eu posso concentrar-me no nível.”

5. “É apenas uma perda no papel”

Se compramos uma ação por 10 dólares e ela cai para oito dólares, nós perdemos dinheiro. Mas muitos investidores não veem as coisas dessa forma.

“As pessoas sentem que as perdas no papel são diferentes das perdas reais”, refere Meir Statman, professor de economia da Universidade de Santa Clara, na Califórnia, e autor do livro “What Investors Really Want.” A razão: há ainda a hipótese de que as ações possam recuperar.

O que acontece quando vendemos finalmente essas ações em queda? Deixamo-las discretamente de fora da nossa aritmética mental – e agora podemos gabarmo-nos aos vizinhos que ganhámos dinheiro com todas as nossas ações.

6. “Comprei para diversificar”

Quando um investimento não tem o desempenho que esperávamos, acabamos por reclassificá-lo mentalmente. Vamos tomar como exemplo ouro, que foi o centro das atenções quando o seu preço subiu mais de sete vezes durante a década de 2001 até 2011.

Mas em vez de continuar a aumentar, o ouro perdeu mais de um terço do seu valor desde setembro de 2011. O que fazer? O mais provável é tirá-lo da secção “vai tornar-me rico” e colocá-lo na secção do nosso portfólio que diz “poderá vir a dar jeito se tivermos outra crise financeira.”

7. “Desta vez, vou sair antes da queda”

Olhando para trás, os altos e baixos do mercado parecem óbvios, por isso achamos que vamos perceber quando o próximo se estiver a aproximar. Mas o pico do atual “bull market” vai provavelmente ser tão dúbio quando o ponto mais baixo do último “bear market”, em março de 2009.

“Agora podemos ver que isso foi o ponto mais baixo do mercado”, afirma Statman. “Mas na altura, não era possível ver o padrão”, conclui.

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