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Um analista de fundos de cobertura partilha a metodologia de pesquisa da sua empresa. Será uma boa ajuda para que você conheça melhor o funcionamento da indústria?

Somos um fundo global macro de $1,25 mil milhões, focada em FX e derivados de taxas de juros.

Não utilizamos muito a CNBC, a bloomberg tv e outros meios de comunicação ligados às finanças mais populares. Tentamos fazer investigações o mais originais possível. E com isso quero dizer ler em primeira mão as declarações do banco central e não deixar que a interpretação tendenciosa de algum repórter de Nova Iorque afete a nossa apreciação do que o contexto quer realmente dizer.

Entramos em contacto com empresas através da sua linha de relações com investidores e pedimos para falar diretamente com o seu/sua diretor(a) financeiro(a) caso tenhamos alguma questão relacionada com alguma linha em específico sobre o 10-k ou o 10-q da empresa. Se tivermos alguma teoria sobre a relação entre dois ou mais valores mobiliários, criamos uma base de dados, fazemos o download de vários anos de informação de mercado e fazemos a verificação dessa teoria.

Construímos modelos econométricos com várias contribuições sobre o que consideramos ser a causa para o movimento dos preços dos ativos. Criamos simulações de portefólios com estes modelos e fazemos-lhes uma “prova de esforço” utilizando movimentos de preços verdadeiros/ históricos, como por exemplo a Grande Depressão, a Segunda Guerra Mundial, a crise financeira russa, o boom tecnológico, o 11/9, assim como os nossos próprios cenários de proprietário para garantir que o valor em risco do nosso portefólio está dentro dos limites razoáveis.

Terminal da Bloomberg

Mantemos um contacto aberto com mais de 40 brokers diferentes de vários mercados. Todos os dias estes tipos mandam-me centenas de emails e mensagens pela bloomberg a dizer-me o mais legalmente possível sobre o tipo de fluxos que estão a ver. Quando compram um grande conjunto de títulos a um cliente, deixam-me ficar a par do que acabaram de comprar e fornecem-me um negócio estruturado para esses produtos para que possam eliminar os riscos dos seus livros. Às vezes telefonam-me para me dizer notícias interessantes ou urgentes sobre um determinado negócio que eu tenha atualmente a decorrer ou que eu possa ter perdido nas notícias dessa manhã.

Por vezes, os grandes bancos e brokers têm a sua própria equipa de investigação que nos envia livros brancos sobre tópicos de interesse e anomalias do mercado que estejam a observar. Lemos esses documentos para certificar de que compreendemos o que se está a passar no mercado, caso a anomalia se torne em algo que possamos explorar para conseguir lucro.

Chegamos a ler todas as principais publicações de notícias do mundo, mas é mais por uma questão de nos mantermos atualizados. O The Economist, o WSJ, o New York Times, o Financial Times, todos são uma leitura essencial porque se não se estiver a par do que lá é dito, então fica-se para trás do resto do mercado.

No geral, tentamos encontrar o máximo de informação possível que não seja tendenciosa e só depois é que usamos essa informação para desenvolver as nossas próprias hipóteses. Alguns dos nossos corretores têm antigos colegas em quem depositam muita confiança e que começaram a escrever blogs sobre finanças e outro tipo de publicações da mesma área. Alguns desses blogs estão entre os nossos favoritos.

Por último, costumamos ligar aos nossos parceiros no mercado. Contamos-lhes trechos do que estamos a fazer e eles fazem-nos o mesmo. Se negociarmos um fundo de cobertura 2 and 20 e tivermos sucesso somos todos pagos. Se perdermos dinheiro, perdemos ativos e ganhamos menos. Por isso, não faz mal partilhar alguma informação desde que não esteja propriamente a negociar contra eles. Ficaria surpreendido por saber o quão sofisticadas algumas destas “partilhas” conseguem ser. Contei a um amigo da Citadel sobre uma correlação em que estávamos a começar a trabalhar e ele enviou-me documentação de investigação de 3 meses que a empresa dele tinha realizado sobre a mesma correlação de pares. Por isso, certifiquei-me se ele tinha conhecimentos sobre um par de moedas específico que iria ser negociado mais baixo em termos de volatilidade. Vários milhões de dólares em Conta de Ganhos e Perdas foram feitos graças a essa partilha amigável.

Por outras palavras, é algo mesmo importante! Estamos rodeados de informação e o desafio não é bem se conseguimos encontrar mais informação, mas sim encontrar a melhor informação.

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