De traders a corretores - a história da EXANTE
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Projeto especial em colaboração com o Corretor Prime EXANTE.

Será que um trader com o capital de 10 mil euros pode obter acesso direto às bolsas de valores mundiais? Qual a diferença entre os corretores autodidatas e profissionais? Quais são as vantagens de estar sob jurisdição europeia? Por que é que o conceito de moeda de conta já está obsoleto? A estas e outras perguntas responde o co-fundador do Corretor Prime EXANTE, Aleksei Kirienko.

— Aleksei, é verdade que a companhia Exante nasceu de uma equipa de especialistas em negociações algorítmicas e que todos os fundadores trabalhavam antigamente como traders?

— Sim, é verdade. Tudo começou em 2007. O meu amigo, Vladimir Maslyakov, o nosso futuro CEO, apresentou-me a Anatoly Knyazev, seu colega de faculdade. Naquela altura os dois já tinham trabalhado em grandes empresas de IT como programadores. Além disso, todos nós éramos traders bem-sucedidos com uma experiência de muitos anos. Percebemos que era muito melhor unir os nossos esforços para a negociação algorítmica nos mercados globais.

— E a criação de uma equipa especializada em negociação algorítmico realmente trouxe alguma vantagem além de unir o capital?

— Sem dúvida. Em primeiro lugar, pudemos criar o nosso próprio sistema de contrapartida, estreitar relações com os corretores ocidentais e os bancos. Começámos a fundar estabelecimentos em plataformas norte-americanas... Em segundo, cada um de nós desenvolvia os seus próprios softwares de negociação. Unimos todos esses trabalhos e depois entendemos que era mais lucrativo capitalizar o que tínhamos do que continuar a trabalhar com o dinheiro sob gestão. Em 2010 abrimos um negócio de corretores. Nessa etapa o nosso quarto parceiro Gatis Eglitias juntou-se a nós.

Aleksei Kirienko e Gati Eglitias durante uma audiência do Presidente de Malta

— O que vos diferencia dos outros corretores?

— Existem algumas diferenças. A primeira é o nosso próprio terminal desenvolvido de traders para traders. Antes pensava-se que finanças e softwares deviam ser coisas separadas, que diferentes pessoas deviam ocupar-se disso. O tempo mostrou que somente os corretores que trabalham com IT são bem-sucedidos. A segunda é que fornecemos tudo através de uma só plataforma. De facto, há apenas três corretoras que o fazem: Saxo Bank, Interactive Brokers e nós. Para um grupo significativo de corretoras e investidores nós tivemos a preferência. Não é muito elegante falar das desvantagens dos concorrentes, por isso vamos nos focar nos nossos lados positivos. Então, somos, no mínimo, mais rápidos. Quem faz negociação algorítmica com o Interactive e Saxo Bank está numa situação muito complicada. Inicialmente o objetivo dessas companhias era a venda a retalho. O Interactive já existe por 35 anos e tem uma infraestrutura velha, o que resulta em atrasos de 200 milisegundos na maioria dos mercados. Além disso, eles estão mais orientados para os Estados Unidos, enquanto nós inicialmente construímos uma corretora global. Portanto, através do Interactive e Saxo você não conseguirá entrar no mercado russo, por exemplo, ao mesmo tempo que os outros corretores. Com uma conta única, riscos únicos e até o netting em tempo real, se alguém precisar disso.

— Quem foram os seus primeiros clientes?

— Até ao ano 2010 formou-se um conjunto de fundos pequenos,10-15 milhões de dólares cada um. Eles precisavam de negociar na maior quantidade possível de mercados com boas condições e atrasos mínimos. Esses fundos já ultrapassaram o nível do Interactive Brokers, mas ainda estavam longe do J.P.Morgan, Credit Suisse e Goldman Sachs. Nós preenchemos este nicho. Fizemos negociações com antecedência: "Vão trabalhar connosco se fizermos assim e desse modo?". Responderam: "Sim, vamos". Nessas condições, obtivemos lucros desde o "dia zero". Assim que recebemos a licença, tudo já estava pronto para as operações comerciais.

— Hoje a sua empresa tem 4 anos. Por um lado, é um prazo suficientemente longo – de acordo com as estatísticas, a maioria das start-ups não sobrevive até essa idade. Por outro lado, para os seus clientes não parece muito. Segundo os padrões do mundo financeiro, vocês são uma empresa muito jovem. Por que é que as pessoas confiam vos confiam o seu dinheiro? O que vocês fazem para que acreditem na vossa companhia?

— Sim, claro que é uma desvantagem o fato de não termos uma história centenária como o Chipre. Mas isso não impediu os seus bancos de falir num certo momento... Falando a sério, a segurança é garantida por meio de vários fatores. Em primeiro lugar, temos uma licença europeia. A empresa está registada em Malta e a nossa atividade está a ser regulada pela Diretiva da União Europeia Sobre Mercados de Instrumentos Financeiros (MiFID). A justiça europeia tem muitas exigências. Por exemplo, uma importante exigência é a segregação de ativos, por meio da qual o dinheiro do corretor nunca se mistura com o dos clientes.Na Europa se a companhia corretora falir, o dinheiro dos clientes não desaparece. Além da justiça europeia, há outras instâncias de defesa. Por exemplo, temos um auditor de primeira classe - KPMG. Trabalhamos com um dos melhores bancos europeus - o banco holandês ING. O dinheiro dos nossos clientes não vai parar sei lá onde, na Arménia, por exemplo. Não quero ofender ninguém...

— Quer dizer que o único risco é a falência do banco?

— O risco do banco existe para todos os corretores, até se ele mesmo é um banco…

— Vocês conseguiram entrar em grandes bancos internacionais e bolsas de valores rapidamente… Por que um trader médio não pode fazer o mesmo e trabalhar com eles diretamente? Por que é necessário um intermediário se é tão fácil?

— E quem disse que é fácil? Construimos o nosso sistema de contrapartida ao longo de anos. Querem trabalhar diretamente? Tudo bem! Mas será que vão falar com vocês? E se vão, que condições vão sugerir? Conseguimos obter as condições que temos ao longo de anos. Por isso, quando falam que diretamente é melhor, respondemos: “Tente, mas provavelmente não vai conseguir”.

— Quantos clientes vocês têm agora? Pode dizer o número ou é um segredo comercial?

— Acho que por volta de 500.

— São na sua maioria pessoas jurídicas ou físicas? Quais são mais?

— Em números absolutos, acho que temos mais pessoas físicas. Mas se contarmos os ativos, a maior quantidade de dinheiro pertence, certamente, às pessoas jurídicas.

A doação da EXANTE ao fundo de caridade Malta Community Chest Fund

— E há alguns produtos construtivos voltados para os investidores privados com grande capital? Alguma coisa como a gestão de confiança para que a pessoa não negoceie por si mesma?

— Temos três equipas absolutamente independentes que trabalham em diferentes mercados. Construímos três sistemas verticais: Institutional, HNWI e Profissional. No que concerne às pessoas físicas com alto património líquido, elas geralmente criam a sua carteira de ações dos fundos de cobertura ou convidam os seus gerentes. Se for necessário, podemos recomendar um gestor de ativos, pois conhecemos o mercado muito bem. Portanto, nesse caso também agimos exclusivamente como corretores - apenas fazemos o cliente conhecer o gestor.

— Como é que vocês captam os clientes? Ou isso é um know-how secreto?

— Não há segredo algum. Os primeiros dois anos não tivemos nenhuma atividade de marketing. Assistimos a conferências, estudámos o mercado. No nosso negócio não há muitos canais de publicidade…

— E o que acham na Europa e nos EUA sobre uma nova companhia corretora que foi fundada por jovens?

— A Europa e os EUA são duas coisas completamente diferentes. Nos Estados Unidos há mais detalhes - lá a justiça não é das simples. Com a Europa é um pouco menos complicado. Aceitam-nos muito bem. Todos entendem que somos subordinados às regras europeias únicas da MiFID. E, literalmente, já no primeiro dia tivemos os primeiros clientes-físicos da Espanha, Itália e Alemanha. Não temos nenhum medo. Até perguntámos a alguns clientes se eles estão com receio de trabalhar com uma companhia jovem. Eles disseram: “Não há problema! Sabemos que têm um auditor e seguem as regras - convivemos com estas regras por dezenas de anos, está tudo bem.”

— Começámos a conversa com o facto da sua empresa dar acesso a quase todas as bolsas mundiais. Quantos instrumentos financeiros vocês fornecem?

— Mais de 35 mil. Se falta alguma coisa de qual o cliente precisa, adicionamo-la durante um, no máximo dois dias.

— Isso também diz respeito ao Forex?

— Bem, no Forex temos quase tudo. Oferecemos um dos melhores spreads de Forex do mundo. Podemos competir neste setor com qualquer um, pois durante muitos anos lutámos pelas melhores condições quanto a plataformas, bancos etc.

— Já que tocámos no assunto do Forex, surge a seguinte pergunta: não há nenhum segredo que muitos corretores não levam os clientes para a bolsa de valores. Simplesmente bloqueiam por dentro da empresa as solicitações opostas. Graças a isso eles conseguem fazer dumping por corretagem. Na sua empresa existe algo do gênero ou vocês realmente levam os clientes para o mercado?

— Levamos obrigatoriamente. Inicialmente construímos a companhia em que não há prop trading, no qual o banco decide tomar a atidude de especulador - essa foi a ideologia da criação da Exante. Ganhamos só com corretagens.

— Dizem que vocês se recusaram ao conceito de moeda da conta. Como isso é organizado?

— Sim, é verdade. De facto, abrimos a conta para os clientes em todas as moedas. Ele terá sempre o dinheiro na moeda em que ele o transferiu. Aliás, o cliente pode trocá-lo por outra moeda com a transmissão através da nossa empresa. Por exemplo, se o cliente tem o dinheiro em dólares, trocou-o por francos e guarda francos na sua conta - tudo bem. Os mesmos francos são usados para garantir as posições em qualquer moeda, inclusive dólares, euros e rublos. Pelo que eu saiba, somos a única corretora que dispensou o conceito de moeda da conta. Apenas guardamos um conjunto dos ativos.

— Esses ativos podem ser apenas monetários ou valores imobiliários, por exemplo, também servem?

— Não, ainda não nos deparámos com bens imóveis como meio de garantia. Mas tudo o que se pode colocar no nosso banco Custody, é transferido. Vocês podem transferir de nós para os bonds do Euroclear ou ações. Depois podem verificar a vossa conta em tempo real em qualquer moeda. Não sei por que ninguém o fez antes de nós. Acho que é óbvio que a noção de moeda da conta está ultrapassada e inútil.

— Em que direção irão deseenvolver-se num futuro próximo?

— Vamos trabalhar no aperfeiçoamento do terminal, no alargamento da quantidade dos instrumentos financeiros. Outro grande assunto é a Ásia, por isso já estamos presentes em Singapura. Estamos a refletir como é melhor entrar para este mercado. Tem as suas particularidades.

— Além de Singapura, onde estão a planear abrir escritórios? Já têm em Moscovo, Malta e Letónia, certo?

— Certo. Também temos um escritório na Holanda, e no ano passado abrimos um em São Petersburgo (Rússia). Também queremos entrar em Londres.

— E onde fica o seu escritório principal? É claro que a sede está em Malta, mas onde você fica com mais frequência?

— A sede está em Malta, agora a pergunta sobre onde estamos não é fácil. Temos que viajar.

— Isso já é um verdadeiro estilo de vida...Mas onde permanece você mais tempo?

— Onde quer que seja necessário.

— Mas é você que decide as coisas… Ou não?

— Moramos onde é preciso estar em função do negócio. Quando acabámos de abrir a empresa, obtivemos a licença em Malta, eu morei lá por um ano. Agora decidimos desenvolver-nos na Ásia - então já há um ano que estou em Singapura. E assim é com todos os parceiros. Por exemplo, os países Bálticos são um lugar muito bom para abrir um escritório. As pessoas lá dominam várias línguas desde a infância. Por isso é conveniente desenvolver lá um call-center. Além disso, esses países ainda não saíram da crise económica, os salários são bastante baixos. Tomámos a decisão de abrir um escritório em Riga - e um dos parceiros foi para lá. Ou seja, onde estiver o negócio, estaremos lá… As viagens por vários países influenciaram-nos muito, tanto na nossa visão de mundo como na forma de construir a empresa.

— A propósito, estão a construir a empresa para vendê-la ou querem trabalhar com ela por muito tempo? Consideram uma oferta pública inicial (IPO)?

— Bem, uma coisa não atrapalha a outra. Hoje há tanto capital no mercado que não é razoável não considerar a possibilidade de vender ou comprar em IPO.

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