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Perceba que as correções do mercado são um fenómeno inevitável da dinâmica das bolsas que não deve afetar os seus planos de investimento a longo prazo.

Ninguém quer que o mercado de ações caia. Infelizmente, é apenas uma questão de tempo. Agosto foi uma lembrança dura aos investidores: as ações podem cair (foi fácil esquecer-se disso nos últimos quatro anos).

As correções de mercado não são um fenómeno muito raro. Desde 1950, o índice S&P 500, o melhor indicador do estado do mercado de ações, sofreu 33 correções em 10% e mais. Até àúltima queda, o mercado passou, em geral, por cerca de 6,6 mil dias no estado de correções.

Correção é uma alteração do preço das ações ou moedas numa direção oposta à tendência geral, na sequência de sobrecompra ou sobrevenda do instrumento financeiro.

A recente correção é notável pelo período que passou desde a última baixa, tornando-se muito maior do que a média. Tal mostra que prever os movimentos do mercado é quase impossível.

Não é possível combater o inevitável

As correções vão acontecer, queiramos ou não. Muitos querem acreditar que o mercado possa crescer para sempre. E é verdade que a longo prazo o mercado de ações ultrapassa qualquer tipo de outros investimentos, mesmo com as correções. Mas para investir em ações, é preciso aceitar a realidade e o facto de que as quedas no mercado são possíveis. Por que é que as correções são inevitáveis? Temos que considerar três fatores.

1. Emoções

Talvez o maior problema do mercado de ações seja a incapacidade dos investidores separarem as emoções dos investimentos.

As pessoas que conseguiram desligar as emoções, tornam-se bem-sucedidas. Pense em Warren Buffett que se foca em comprar ótimas empresas com os produtos muito bem sucedidos. Ele investe dinheiro a longo prazo e não deixa que as correções ou alguns relatórios trimestrais maus alterem o seu lema de investimento. O seu património líquido de 70 mil milhões de dólares prova: a estratégia dele funciona.

Porém, a maioria dos investidores tem uma atitude de curto prazo. Uma recente pesquisa, realizada pela empresa de consultoria financeira deVere Group, mostra: 71% dos respondentes planeiam o seu orçamento para, no máximo, um ano. Os investidores que não têm planos de longo prazo assustam-se com os movimentos bruscos de mercado (mesmo uma queda de unidades percentuais durante um dia) e tomam decisões sem pensar duas vezes, em vez de se concentrar em títulos de longo prazo no seu portfólio. As decisões precipitadas podem, de vez em quando, dar lugar a quedas rápidas do mercado.

2. Desprezo pelo risco leva à sobrevalorização

Outro fator que provoca correções de mercado é a disposisão dos investidores a pagar um prémio pelas ações no mercado altista.

Obviamente, este fator está relacionado com as emoções perigosas mencionadas acima. As emoções não só podem fazer os preços caírem, mas também crescerem, o que leva à sobrevalorização no mercado altista.

Tal acontece porque os investidores querem aproveitar um crescimento mais rápido e procuram possibilidades arriscadas quando o mercado está a subir.

No mercado altista os investidores não reparam nos defeitos fundamentais, tais como uma relação preço-benefício e fluxos de dinheiro excecionalmente altos. Para eles, basta ver que as empresas reinvestem nos setores de economia de alto crescimento.

Os exemplos mais recentes são as ações das empresas do setor biotecnológico e tecnológico que têm sido negociadas com um prémio a valores superiores. Um risco precipitado, normalmente, leva as expectativas demasiado altas, o que provoca uma correção dos preços das ações.

3. Caráter cíclico da economia/ Efeito do banco central

Por fim, o desenvolvimento natural do ciclo económico junto com as decisões do banco central quanto à politica monetária podem contribuir para as correções do mercado de ações.

Por exemplo, a Reserva Federal dos Estados Unidos pode influenciar a política monetária do país de três maneiras: ao ajustar a taxa de desconto, comprar ou vender títulos públicos e regular a quantidade do capital que os bancos norte-americanos são obrigados a manter. Infelizmente para a Fed (e investidores), o banco central trabalha com uma grande quantidade dos dados atrasados, e por isso as suas mudanças na economia são introduzidas depois dos factos. O PIB do trimestre passado, os lucros e salários, a taxa de desemprego e o Índice de Preços no Consumidor (IPC) podem ser publicados com alguns meses de atraso, mas ainda assim continuam a influenciar a política do banco central. As suas decisões não visam prevenir um abrandamento económico, mas sim manter o crescimento o mais estável possível nos tempos bons e minimizar a “dor” dos consumidores e investidores durante as recessões.

As correções do mercado de ações são uma parte inevitável dos investimentos. Mas não são nada assustadoras se se investir em empresas seguras com boas previsões de um crescimento de longo prazo.

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