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O especialista financeiro britânico Matthew Leen analisa o perfil dos principais candidatos à Presidência. Afinal, Trump ou Clinton?

Um único imposto sobre o património poderia abalar o mercado de ações. Uma guerra comercial com a China poderia mexer com a economia mundial. Uma proibição poderia praticamente prevenir as empresas de deixarem o país. Tendo em conta o tipo de políticas sugeridas acima você poderia pensar que se trata da Venezuela ou da Coreia do Norte. Porém, infelizmente, são os Estados Unidos.

Com um pouco mais de seis semanas até o começo da votação nas eleições primárias, a corrida de 2016 parece um desastre para a economia do país.

Por um lado, o líder Donald Trump com as suas ideias quase loucas. Por outro lado, há Hillary Clinton que pretende impiedosamente ser indigitada pelo seu partido. O seu conjunto impositivo e autoritário de políticas económicas fica melhor com a Alemanha Oriental do que com o maior mercado livre do mundo.

Geralmente, as promessas da campanha eleitoral não importam. A política norte-americana testava sempre a fé das pessoas que acreditavam nas campanhas eleitorais razoáveis. Mas há um grande problema. Além do barulho a curto prazo nos mercados e agitação em volta de uma provável subida da taxa de juros da Reserva Federal, existem sinais de um preocupante declínio a longo prazo da competitividade norte-americana. Se este problema não for resolvido, toda a economia global irá perder.

Hilllary Clinton

A corrida presidencial de 2016 começa a sério no início de fevereiro, com as convenções dos partidos no estado de Iowa, depois do qual começarão as eleições primárias em Nova Hampshire e Carolina do Sul. Em meados de março já teremos uma noção bastante clara sobre os candidatos principais e os seus objetivos políticos. O problema é que a escolha, em todo caso, é sombria.

Acha que as economias de Corbyn são malucas? Olhe para as de Trump. Trump foi a notícia em todos os media depois da sugestão de proibir os muçulmanos entrarem nos EUA. Uma decisão destas mal pode ser boa para a indústria de turismo de 1,4 biliões de dólares. As suas ideias económicas também são estranhas. Por exemplo, ele pretende começar a travar uma guerra de comércio com a China: "Ouçam aqui, desgraçados, vamos introduzir o imposto de 25% para as suas mercadorias." Foi assim que ele disse num dos seus discursos. Para piorar, ele sugere uma ampliação infundada de corte fiscal, e além disso, propõe um único imposto de património para pagar a dívida pública de uma vez por todas.

Donald Trump

Esta mistura é tão bizarra que é difícil saber como começar a criticá-la. As exportações da China compõem 486 mil milhões de dólares, ou seja 20% das importações totais dos Estados Unidos. Um quarto deste montanto é, com certeza, grande dinheiro, porém este imposto também poderia devastar a economia chinesa. A economia global oscilou bastante com a perspetiva de um abrandamento da China. As ideias de Trump afundariam a China numa depressão exaustiva com todas as consequências para o resto do mundo.

Mas isso é um detalhe em comparação com a sua ideia antiga, porém fraca, de um imposto de património. Dez anos atrás ele defendia um imposto único de 14,5% para patrimónios acima de 10 milhões de dólares. Com as taxas de juros próximas do zero, é difícil entender por que é que ele quer pagar a dívida pública de uma vez só, mas vamos deixar isto de lado e pensaremos no impacto do imposto sobre os mercados. Como as pessoas mega-ricas normalmente não guardam os 14,5% do seu património em dinheiro, eles teriam que vender as suas ações, obrigações e propriedade em larga escala, provocando uma queda abrupta dos preços. Uma guerra comercial global e o colapso de Wall Street. Lembra alguma coisa? Ah, sim, o início dos anos 1930 e a Grande Depressão. Pelo amor de Deus!

Wall Street, os anos 1930

A política misturada de Bill Clinton que consiste no orçamento equilibrado e reformas previdenciárias, tornou-se muito boa para a economia norte-americana, embora, ele tenha recebido ajuda do dinheiro fácil da bolha da internet. Porém, a esposa dele declina-se mais para os partidos de esquerda. Um exemplo: ela não gosta da maneira que muitas empresas norte-americanas acumulam dinheiro no estrangeiro e fundem-se com os parceiros estrangeiros que querem mudar a sua base fiscal. Por isso, ela propõe aumentar o imposto sobre o lucro das empresas que querem deixar o pais. Na verdade, a decisão mais razoável seria cortar o imposto sobre o lucro das empresas. No momento, o imposto atinge 39% e é o terceiro maior no mundo (depois do Chade e os Emirados Árabes Unidos). Mas em vez disso, ela sugere punir as empresas que pretendem abandonar o país. Talvez as pessoas físicas também sejam punidas em breve? A política deste género é mais típica para a Alemanha Oriental.

Além disso, ela também pretende limitar o comércio de alta velocidade, reforçar o regulamento dos bancos e fazer com que os investidores mantenham ações nos portefólios, eliminando as possibilidades que permitem otimizar o imposto sobre o rendimento de capitais. Mas nenhuma destas medidas aproxima-se à solução dos problemas reais.

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