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Será que a dependência crescente da Apple em relação ao iPhone tornará a empresa vítima do abrandamento do mercado de smartphones?

As ações da Apple (NASDAQ: AAPL) caíram 11% desde o último relatório de ganhos trimestrais em outubro, devido a preocupações de que as vendas do iPhone possam ter caído subitamente.

Os resultados que serão apresentados amanhã (26 de janeiro), irão dar aos investidores pistas sobre se essa queda das ações foi justificada ou um sinal de que as ações da empresa podem estar prestes a passar por uma subida há muito esperada.

Para uma empresa cujas vendas aumentaram 28% para $233,7 mil milhões no seu último ano fiscal, a queda das ações é desconcertante. Apesar de isso poder fazer sentido no contexto da queda global do preço das ações (devido a preocupações que a queda dos preços do petróleo e que a fraqueza da economia chinesa ponham travões no crescimento económico global), há outros motivos por detrás das preocupações face à Apple.

A Apple está a tornar-se mais dependente no iPhone para o crescimento, apesar de o portfólio de produtos da empresa ter sido expandido o ano passado com o Apple Watch, uma nova Apple TV e a Apple Music. Mesmo assim o iPhone é ainda de longe o produto mais importante da empresa, e o mais rentável. O smartphone foi responsável por 66% das receitas da Apple no ano passado, quando há 3 anos atrás era apenas responsável por 50%.

Devido à dependência da Apple no iPhone, qualquer pista de que as vendas poderão abrandar – especialmente na China – assusta os investidores.

Têm havido alguns sinais a sugerir que as vendas do iPhone podem estar a abrandar. De acordo com vários analistas, a Apple cortou pedidos de componentes do smartphone aos seus fornecedores, indicando que a empresa sedeada em Cupertino, Califórnia, pode não estar a vender tantos aparelhos no princípio de 2016 como tinha sido originalmente previsto. A Cirrus Logic Inc., uma fabricante de componentes áudio que obtém mais de 60% das suas receitas a partir da Apple, alertou os seus acionistas a 7 de janeiro de que os seus resultados estarão aquém das expectativas devido à fraca procura de smartphones.

A juntar-se às preocupações está um abrandamento global. A Samsung Eletronics Co. a maior fabricante de smartphones do mundo e também fabricante de ecrãs e chips de memória utilizados nos aparelhos de outras empresas, relatou ganhos a 8 de janeiro que ficaram abaixo das projeções dos analistas. Entretanto, a empresa de estudos de Mercado IDC previu em dezembro que o crescimento do mercado dos iPhones irá cair para menos de 10% - a primeira vez que a medida está abaixo desse nível. Por volta de 2019 espera-se que as remessas desacelerem ainda mais, prevendo-se que as vendas aumentem apenas 4,7% nesse ano. As vendas de iPhones também irão desacelerar, de acordo com a IDC.

A questão para quem tem interesses interligados com a Apple é se a queda de produção do iPhone é ou não de alguma forma diferente das quedas dos anos anteriores. As vendas da Apple sempre tiveram fortes quedas após a época natalícia, à medida que os clientes começam a esperar por novos produtos, que são tipicamente lançados em setembro.

Tal coloca assim o foco nos valores de vendas da Apple nos primeiros três meses de 2016. Os analistas estão a projetar, em média, um declínio de vendas na ordem dos 4% para $55,7 mil milhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Uma queda mais acentuada faria aumentar as preocupações em relação à empresa. Para o primeiro trimester fiscal da Apple, que terminou em dezembro, os analistas preveem lucros de $3,23 por ação, e receitas de $76,6 mil milhões.

Mesmo assim, houve quem dissesse que a queda das ações da Apple constitui uma boa oportunidade de compra. Gene Munster, um analista na Piper Jaffray Cos., afirmou que as ações podem subir mais de 50% até ao lançamento do iPhone 7 em setembro. Os 43 analistas seguidos pela Bloomberg estão a prever, em média, que as ações da Apple estejam em $141 dentro dos próximos 12 meses, em comparação com os atuais $100. Tal provavelmente irá garantir, seja em que direção for, uma corrida selvagem.

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