3 Grandes ações em saldos

Três referências a considerar

Com os principais índices de ações a negociar a múltiplos de lucros bastante elevados, poderá ser um desafio encontrar verdadeiras pechinchas. As ações de muitas grandes empresas foram elevadas para níveis pouco atraentes e outras empresas, que parecem baratas à superfície, estão a lidar com problemas graves. As boas notícias são que ainda existem algumas opções por aí. A Best Buy, General Motors e Cisco Systems são três bons exemplos.

A Best Buy (NYSE: Best Buy [BBY]), retalhista de produtos eletrónicos de consumo, fez um “regresso” ao longo dos últimos anos, impulsionada por uma estratégia de recuperação centrada em torno de melhorias quanto ao seu serviço ao cliente, redução de custos desnecessários e investimento no e-commerce. No entanto, o futuro da mesma é incerto, com a Amazon.com vista por muitos como imparável e capaz de destruir todos os concorrentes.

Existe uma razão para a Best Buy se ter focado na melhoria do seu serviço ao cliente ao longo dos últimos anos. A maior vantagem que a empresa tem é a sua capacidade para atender os clientes que não se encontram particularmente esclarecidos em termos de tecnologia. É ótimo comprar um portátil ou tablet online se souber exatamente o que pretende. Se não souber, e se quiser experimentar os produtos, a Best Buy é muitas vezes a melhor opção.

A receita da Best Buy depende da indústria da eletrónica de consumo como um todo, que tem estado em pânico nos EUA devido à falta de novos produtos excitantes. A NPD relatou uma queda de 1,9% nas vendas da indústria durante o primeiro trimestre, face ao ano anterior, em comparação com vendas estáveis nas lojas da Best Buy. Tal significa que a Best Buy poderá estar a ganhar quota de mercado.

A Best Buy produziu 2,78 dólares de lucro por ação no ano passado, ajustado à reestruturação e outros encargos, colocando o rácio preço-lucro em apenas cerca de 11. O saldo da empresa é forte, com cerca de 3 mil milhões de fundos e 1,4 mil milhões de dívida – e uma distribuição de dividendos de 3,7% torna a Best Buy uma ação com sólidos dividendos. O mercado continua excessivamente pessimista, dando aos investidores a hipótese de pegar em ações da Best Buy a um ótimo preço.

A General Motors (NYSE: General Motors Company [GM]) espera gerar entre 5,25 dólares e 5,75 dólares de lucro ajustado por ação este ano, colocando o atual preço de ação de cerca de 29,50 dólares em apenas 5,4 vezes o ponto médio desse intervalo. A ação surge também com uma distribuição de dividendos superior a 5%.

Porque é que a GM é tão barata? Parte da razão é o pessimismo quanto ao futuro. A taxa anual de vendas de automóveis nos EUA recuperou para níveis pré-recessão, levantando preocupações de que o pico terá sido atingido. Combinada com a incerteza económica geral e a memória do bailout do setor em 2009, os investidores não acreditam que os bons tempos tenham vindo para ficar.

A GM é uma empresa mais “esguia” hoje comparada à “antiga GM” e o seu ponto de breakeven nos EUA encontra-se muito abaixo do nível atual de vendas. De acordo com Mary Barra, CEO, as vendas anuais de automóveis nos EUA teriam de cair para 10 ou 11 milhões antes da empresa relatar perdas. Foram vendidos 17,5 milhões de veículos nos EUA em 2015.

Uma grave recessão a empurrar a GM para o vermelho não é, certamente, impossível – mas o mercado está a ser excessivamente pessimista. Uma queda nos lucros em algum momento dos próximos anos poderá ser inevitável, mas o rácio preço-lucro dá aos investidores uma considerável margem de segurança.

A gigante Cisco (NASDAQ: Cisco Systems [CSCO]), de hardware de rede, não obtém o crédito que merece. A empresa domina o mercado de switches e routers e o crescimento de negócios de colaboração e segurança tem vindo a impulsionar o crescimento da receita. A Cisco é uma empresa de crescimento lento mas negoceia a uma valorização tão baixa que não é necessário muito crescimento para justificar o preço das ações.

A Cisco gerou 12,7 mil milhões de dólares de fluxo de caixa livre ao longo dos últimos 12 meses, colocando a sua capitalização de mercado em apenas 11,5 vezes este número. Se se retirarem os 34,9 mil milhões de dólares de fundos líquidos do saldo, o rácio cai para apenas 8,7.

Existe uma nuance aqui: grande parte dos fundos da Cisco encontram-se no exterior e não podem ser levados para os EUA sem se pagarem impostos – e o fluxo de caixa livre inclui cerca de 1,5 mil milhões de dólares de compensação baseada nas ações que provavelmente deveriam ser excluídos. No entanto, algo aproximado a 10 vezes o fluxo de caixa livre é um grande negócio.

Há alguns riscos que se juntam ao investimento na Cisco. A tecnologia muda depressa e com a computação na nuvem a elevar a indústria de tecnologias da informação não há garantia de que a Cisco seja capaz de manter a sua posição invejável. Para os investidores dispostos a aceitar a incerteza, um preço baixo e um sólido dividendo de 3,6% tornam a Cisco uma grande ação a comprar.