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Atingiu-se um pico ao nível do activewear?

Há vários sinais de que algumas marcas – saudadas como invencíveis frente aos desafios na esfera das vendas a varejo – poderão estar se dirigindo para situações problemáticas.

A Nike (NYSE: NKE), gigante de 32,4 bilhões de dólares, enfrentou aquilo a que a Morgan Stanley (NYSE: MS) chamou de “ventos contrários com impacto” no seu mais recente trimestre.

A empresa encontra-se com alguns problemas centrais, nomeadamente excesso de inventário, e reconheceu que o fato de se ter libertado de stock em excesso teve impacto negativo nos seus resultados, levando a uma queda das respetivas margens brutas.

“À medida que entramos no próximo trimestre prevemos a manutenção de excesso de stock nas nossas lojas de fábrica e em outros canais.” – Avançou Trevor Edwards, presidente da Nike, em uma recente teleconferência de divulgação de resultados.

No entanto, a empresa é capaz de se esconder por detrás de tudo isso com um impressionante aumento da receita – e pelo fato de continuar uma marca amada.

Na verdade, defendeu o inventário (em parte) ao explicar que fica constantemente criando novos produtos. A inovação constante é, afinal, uma característica da Nike – de vestuário que se adapta à humidade a tênis cujos cadarços se amarram sozinhos.

Recentemente, a Under Armour (NYSE: UA) divulgou uma queda dos seus lucros, escondendo-se atrás do crescimento da receita (o vigésimo quinto trimestre de vendas crescendo na ordem dos 20% ou mais – 28% no caso deste trimestre).

Asso, como a Nike, a empresa foi capaz de se esconder atrás do crescimento, do fato de ser uma marca estimada e da promessa de expansão contínua. A empresa também tem conseguido promover um espírito evangélico e está abrindo uma nova loja – uma que irá, supostamente, combinar “experiências” com as tradicionais compras. Também passará a ter os seus produtos nas lojas Kohl’s (NYSE: KSS) a partir do início do próximo ano para ajudar a “minimizar uma ruptura adicional da receita” como escrito por Michael Binetti, analista do UBS, um dia antes do anúncio oficial da empresa.

A grande expansão da empresa para o setor feminino poderá até mesmo desafiar a Lululemon (NASDAQ: LULU).

De acordo com Håkon Helgesen, analista na empresa de consultoria Conlumino, em uma nota aos clientes:

“Parte da queda dos lucros é atribuída a margens mais fracas, no seguimento de mudanças ao nível dos produtos. Trata-se, sem dúvida, de um desafio a longo prazo, agravado por um dólar mais forte que tem tido impacto negativo nos ganhos provenientes da atividade internacional. Dada a importância da expansão internacional da Under Armour, isso irá provavelmente continuar colocando pressão descendente sobre os lucros durante este ano. Apesar dos desafios, a Under Armour ainda tem bom potencial de crescimento nos seus segmentos internacional e doméstico.”

A Under Armour, que é muito pequena em comparação com a Nike, poderá estar em uma bifurcação crucial neste momento. Betty Chen, diretora de gestão da Mizuho Securities, colocou a seguinte questão:

“Conseguiremos ver aumento da margem correspondente ao crescimento ou terão que continuar a investir em inovação e em equipes de construção de mercado à medida que entram em novos países? Creio que estas são algumas das perguntas sem resposta por agora.”

Verificam-se tendências, em toda a indústria de activewear como um todo, que levantam preocupações.

Recentemente, o UBS também notou que o sportswear tem estado vacilante como um todo, caracterizando o segundo trimestre de 2016 (ano fiscal) como “entre os mais difíceis trimestres de sempre para o varejo atlético norte-americano” destacando o excesso de inventário no seguimento da temporada de férias de 2015.

O UBS também destacou a falência da Sports Authority, no início deste ano, como outra causa para as dificuldades recentes. A Under Armour também se referiu a ela em uma teleconferência de resultados trimestrais, avançando que a sua queda de 39% ao nível de lucro operacional se encontrava essencialmente relacionada com a liquidação da Sports Authority. Chen avançou ao Business Insider:

“Estão todos lutando para serem resilientes.”

Ainda assim, no entanto, os especialistas e analistas são rápidos em escrever sobre como estas marcas têm gerido a captação de consumidores jovens na medida em que vendem mais do que apenas roupa: vêm, geralmente, equipadas com experiências (como clubes de corrida e a acima mencionada superloja) e vendem a perspetiva de comunidade.

E ajuda o fato do activewear ser uma das únicas categorias que os consumidores estão dispostos a pagar – dada a crescente importância da saúde para a maioria dos consumidores. Como resultado, têm surgido cada vez mais marcas de roupa desportiva, da Outdoor Voices à Yogasmoga. Pequenas marcas quando comparadas às dominantes.

E existe mais uma razão para a Under Armour, Nike e Lululemon (que, curiosamente, também enfrenta um problema de inventário) dominarem a cena da roupa esportiva e de lazer.

De acordo com Chen:

“Acreditamos realmente que empresas como a Lulu, Nike e Under Armour detêm vantagem pois têm capacidade para atrair ambos os tipos de consumidores – o cliente casual, de roupa esportiva e de lazer, e o cliente de activewear que faz exercício ocasionalmente mas pretende usar a roupa no fim de semana. (...) Ou mesmo o cliente fanático do exercício que pretende roupa esportiva capaz de melhorar o desempenho ou de o deixar mais confortável enquanto faz exercício e ao mesmo tempo procura peças na moda.”

Chen assinalou que as concorrentes como a Puma – que trabalha com embaixadoras como Rihanna e Kylie Jenner – atraem um público mais orientado para a moda do que para o desempenho.

Em uma altura em que a maioria das retalhistas estão em queda, o aumento da receita e vendas comparáveis positivas são sempre melhor que nada.

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