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O que poderá correr mal?

Provavelmente já ouviu o velho ditado sobre o mercado de ações “escalar uma parede de preocupação”. Os preços do mercado de ações podem subir mesmo quando o cenário econômico é sombrio na medida em que os investidores olham em frente para antecipar tempos melhores.

Mas e se os bons tempos não se materializam? E se os recordes estabelecidos pelas ações dos EUA nas últimas semanas têm sido construídos sobre falsas esperanças quanto ao que se segue por parte de formuladores de políticas?

A política monetária tem feito o trabalho pesado até agora, aumentando o valor dos ativos no mercado de ações e reduzindo os custos dos empréstimos no mercado de obrigações para mínimos históricos, tanto para empresas como governos. No entanto, a lei dos rendimentos decrescentes parece estar neutralizando os esforços dos bancos centrais para fazer algo mais do que impedir a formação de crateras na economia global. Os intermináveis cortes das taxas de juro e a flexibilização quantitativa pararam o declínio econômico mas parecem não ser capazes de gerar crescimento robusto.

Assim, há uma crescente conversa quanto à perspetiva da ação fiscal por parte dos governos – uma abreviação para empréstimos para projetos de infraestruturas, criação de emprego, aumento do crescimento e investimento no futuro. Os EUA, Reino Unido, Japão e zona euro estão todos sendo instados a aliviar a austeridade e a abrir as suas carteiras.

A conversa, porém, tem-se tornado um rugido – que aumenta a perspetiva desconfortável de especulação quanto a se a ação fiscal irá levar à decepção. Segue-se um gráfico que mostra como a agitação se tem tornado cada vez mais elevada nas últimas semanas:

O anterior pico face a menções relativas a estímulo fiscal surgiu em janeiro de 2009, com o governo dos EUA a preparar-se para introduzir o American Recovery and Reinvestment Act, um pacote fiscal no valor de 814 bilhões de dólares, enquanto a economia entrava em queda:

Assim como mostra o gráfico, o crescimento está novamente esmorecendo. A economia dos EUA cresceu apenas 1,1% no mais recente trimestre, mais lentamente que a estimativa inicial de 1,2% de expansão – de acordo com números lançados na sexta-feira passada pelo Departamento do Comércio dos EUA. Está melhor do que no início de 2008 (e ninguém prevê uma repetição da profunda recessão que se seguiu) mas ainda lento o suficiente [o crescimento], justificando a conversa ao redor do estímulo fiscal.

Há mais do que a quantidade habitual de angústia de agosto a afligir os mercados financeiros neste momento. Os preços estão presos em um limbo com as ações, as obrigações e as moedas em desaceleração volátil, invulgarmente grave, mesmo para a época de férias. Há quase uma sensação de morte iminente.

Assim, muitos investidores questionam-se ao redor do que poderá quebrar o feitiço que viu o índice Standard & Poor 500 ganhar 7% este ano e o valor combinado de índices de ações ao redor do mundo subir 10% no último ano. O espaço para decepção é amplo: se o próximo presidente dos EUA falhar quanto às promessas de reparação de infraestruturas, se o Japão falhar novamente a realizar investimentos significativos, se a Alemanha continuar bloqueando ação fiscal na zona euro e se o governo do Reino Unido não seguir a sua promessa de “reiniciar” a política econômica. As expectativas no gráfico no topo deste artigo poderão sair frustradas.

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