No entanto, enquanto a indústria da tecnologia celebra mais um trimestre recorde, as jovens start-ups encaram dificuldades
A valorização de empresas apoiadas por investimentos de risco duplicou ao longo do último ano para uma média de 100 milhões de dólares, o valor mais elevado em mais de uma década, de acordo com a Pitchbook – fornecedora de dados relativos aos mercados financeiros. O total de dólares de risco investidos está a caminho de atingir 74 bilhões de dólares em 2016, perdendo apenas para 2015 ao longo da última década. Os capitalistas de risco estão se deleitando com o seu melhor ano desde pelo menos 2006, esperando terminar o ano com 32,4 bilhões de dólares depois de arrecadados 9 bilhões de dólares no terceiro trimestre.
Nada disso irá animar as novas start-ups que não conseguem reunir fundos. Trata-se do quinto trimestre consecutivo em que o número total de negócios de risco caiu – 32% em relação ao trimestre anterior. O valor total investido poderá ser um dos mais elevados de sempre mas parece que os investidores estão aplicando a maioria do seu capital em negócios em estágio avançado (série D e além).
Entretanto, o número de acordos ao nível seed (projetos empresariais em estágio inicial) caiu de 1.029 no último trimestre para 898, cerca de metade do pico de 2014.
“Os investidores têm procurado usar uma abordagem mais centrada na forma como investem... Fazendo menos, contudo maiores, apostas.” – Afirmou a Pitchbook.
Na verdade, as participações privadas, o capital de risco e os investidores institucionais estratégicos estão a passar grandes cheques. A dimensão média de ronda de financiamento para empresas em fase avançada este trimestre foi de 10 milhões de dólares, a mais elevada desde 2005. Este ano também observou algumas rondas de financiamento de bilhões de dólares, incluindo para a Snap (antiga Snapchat), Uber e Didi Chuxing.
Os investidores cautelosos com a exuberância nos últimos anos estão levantando a sua fasquia para novos investimentos. Os capitalistas de risco estão colocando nova ênfase na receita, na rentabilidade e em números de crescimento estelares para justificar novos investimentos.
Os dias folgados em que se arrecadavam milhões com um bom pitch parecem estar terminando, com algumas start-ups bem estabelecidas – como a Postmates – sentindo dificuldades. Ainda assim, há empresas como a Snap que podem decidir que fundos aceitar.
Com os investidores procurando crescimento entre o mal-estar macroeconómico, as start-ups estão procurando outras saídas. Os mercados redescobriram a sua afinidade com as empresas de tecnologia este ano – quase todas as ações de tecnologia que se estrearam na bolsa em 2016 estão superando o seu preço aquando da IPO (Oferta Pública Inicial). No entanto, a maioria das aquisições ainda estão decorrendo em privado, de acordo com a Pitchbook. Mais de 90% das “saídas” este ano foram aquisições, incluindo acordos avaliados em bilhão de dólares ou mais pela Jet e Dollar Shave Club.