E fortemente procuradas ao longo de 2016
Os grandes fundos de cobertura podem ser dos maiores impulsionadores das ações no mercado, quer estejam assumindo uma posição ativista para causar mudança ou apenas comprando uma grande participação numa ação em que acreditam. Dado o seu impacto no mercado e o trabalho que fazem procurando investimentos, vale a pena perceber o que andam comprando e quais as razões.
Agora que os fundos de cobertura têm que comunicar trimestralmente o que detêm, os investidores podem saber o que andam comprando. Seguem-se quatro ações que têm sido alvo de compras em 2016 (os dados que se seguem se baseiam no relatório trimestral da Factset quanto às posições dos fundos de cobertura).
A gigante de vestuário
Um dos maiores aumentos de investimento durante o segundo trimestre: a Nike (NYSE:NKE), que viu a participação por parte de fundos de cobertura disparar 67% para 3,3 bilhões de dólares no trimestre. A Nike é claramente líder em artigos esportivos mas não é uma empresa na qual os fundos de cobertura consigam criar uma posição ativista com facilidade.
Phil Knight e a sua família ainda possuem cerca de 26% das ações da Nike e o filho de Knight, Travis, controla dois lugares no conselho de administração da empresa. Isso significa que será difícil influenciar os negócios a partir de fora, logo os fundos de cobertura têm a mesma influência nas operações que o investidor comum. O aumento da participação dos fundos de cobertura na Nike significa que os mesmos estão otimistas quanto à empresa e querem lidar com o seu sucesso passivamente.
A Nike tem sido extremamente bem-sucedida ao longo da última década mantendo uma marca forte de artigos e vestuário desportivo. A sua posição significa que tem sido capaz de se adaptar ao ambiente em mudança, nomeadamente ao nível das vendas online. Na verdade, a Nike tem sido capaz de criar lojas físicas e de aumentar as vendas online, superando a concorrência de varejistas como a Amazon (NASDAQ:AMZN) que têm prejudicado outras marcas.
A marca Nike não irá desaparecer em breve. Se estiver à procura de exposição a bens de consumo e varejo trata-se de uma boa opção para investir.
A rede social
Um fundo de cobertura surpreendente tem vindo a comprar ações do Facebook (NASDAQ:FB), a maior rede social do mundo. Uma vez mais, os fundos de cobertura não estão agitando para a mudança: Mark Zuckerberg tem o controlo da empresa, então estão assumindo posições passivas. Com um aumento de 14,2% das posições no Facebook, para 8,9 bilhões de dólares, a rede social trata-se de uma das maiores posições que os fundos de cobertura detêm.
O que o Facebook tem provado ultimamente é que é a empresa go-to para anunciantes. Conhece os clientes melhor do que ninguém e os anunciantes estão migrando para a plataforma, o que conduziu a um crescimento na ordem dos 500% da receita e lucro líquido ao longo dos últimos cinco anos.
Os fundos de cobertura estão interessados na história de longo prazo do Facebook, que envolve cada vez mais publicidade com as empresas a procurarem formas de alcançar os seus clientes-alvo.
Álcool: à prova de recessão
Os investidores que procuram negócios rentáveis e à prova de recessão poderão se focar em cerveja, vinho e bebidas espirituosas. Foi isso que os fundos de cobertura fizeram no último trimestre, aumentando as suas posições na Constellation Brands (NYSE:STZ) em 30,5% para 2,8 bilhões de dólares.
A Constellation Brands possui alguns dos mais reconhecidos nomes de bebidas para adultos como Corona, Modelo, Svedka e Arbor Mist – e oferece a possibilidade de opção numa perspetiva de investimento.
Não só a procura por cerveja, vinho e bebidas espirituosas irá aumentar de forma constante como a indústria está se consolidando para alguns grandes jogadores. Tal concede aos acionistas da Constellation Brands potenciais resultados positivos no futuro. A empresa pode ser comprada por uma empresa maior ou poderá ser alvo de fusão para lucros superiores.
A consolidação irá provavelmente levar os produtores a exercer poder de preço – capaz de fornecer melhores margens para o negócio, ajudando a Constellation Brands pelo caminho. Ambas as opções poderão conduzir a ganhos sólidos para as ações e os fundos de cobertura estão apostando em um futuro brilhante.
A empresa de alimentos de que ninguém gosta
Outra escolha surpreendente no primeiro semestre de 2016 foi a Monsanto (NYSE:MON) que viu os fundos de cobertura aumentarem a sua participação 63,3% para 3 bilhões de dólares. A Monsanto passou grande parte do ano passado a tentar comprar a Syngenta mas ultimamente tem sido alvo de interesse de aquisição.
No verão de 2016 tornou-se claro que a Bayer AG (ETR:BAYN) se encontrava extremamente interessada na compra da empresa. Em setembro as empresas concordaram com a compra de 66 bilhões de dólares. A aposta seria que a aquisição garantiria um prémio para a Monsanto, o que acabou por não se tornar realidade com as ações a terminarem o segundo trimestre a 103,41 dólares, um valor inferior ao valor a que são negociadas hoje.
Apostar em aquisições pode ser um negócio arriscado e foi isso que os fundos de cobertura fizeram no segundo trimestre. Desta vez não funcionou como esperavam.