A posição da Tesla como preferida de Wall Street combinada com a sua forma de atuar sugere que os investidores irão continuar apostando de forma frenética na empresa como porta-estandarte da próxima revolução industrial
É natural que se verifique volatilidade no preço das ações de empresas associadas a setores emergentes ou com marcas atraentes. A Tesla é um exemplo. As ações da Tesla (NASDAQ: TSLA) começaram o ano ao redor de 200 dólares a ação – e se aproximaram dos 400 dólares no final de junho. Agora se situam ao redor de 300 dólares. Se tratam de mudanças dramáticas de valor, que exigem uma certa fé por parte do investidor.
A mais recente queda do preço das ações da Tesla parece se relacionar com a capacidade da empresa para entregar atempadamente o novo Model 3 aos compradores que realizaram pré-encomendas. Será essa volatilidade algo com que a Tesla consegue lidar – tal como a Apple (NASDAQ: AAPL), a Alphabet (NASDAQ: GOOGL), a Amazon.com (NASDAQ: AMZN) e a Facebook (NASDAQ: FB) conseguiram? Apesar de terem enfrentado períodos conturbados, estas empresas viram a sua valorização no mercado aumentar.
A Tesla tem sido uma aposta no futuro, mais do que um investimento baseado em receitas e lucros derivados de vendas atuais. Tal torna as ações da Tesla inerentemente inquietas. De fato, a volatilidade é comum em qualquer indústria que encare disrupção, tanto para empresas incumbentes como para novas jogadoras. A Tesla tem todas as hipóteses de continuar crescendo – e crescendo com força. A estrutura corporativa da empresa se encontra menos sobrecarregada do que a das suas pares e os seus custos de produção têm vindo diminuindo.
É provável que as empresas disruptivas continuem crescendo rapidamente e alcançando valorização superior uma vez que as oportunidades de realização de dinheiro da chamada economia limpa estão aumentando. Porém, uma das questões que se colocam é: estará a Tesla se movendo de empresa “perturbadora” para perturbada? A entrada da Volvo no mercado de carros elétricos, por exemplo, é apenas um dos grandes desafios que a empresa enfrenta.
No entanto, a posição única da Tesla como tech-stock darling (preferida de Wall Street), combinada com a sua forma de atuar (monta, comercializa, transporta e entrega) sugere que os investidores irão continuar apostando de forma frenética na empresa como porta-estandarte da próxima revolução industrial.
Os consumidores tendem, cada vez mais, a exigir empresas e atividades econômicas mais limpas, verdes e responsáveis. As empresas são convidadas a fornecer condições de trabalho seguras e uma mais justa distribuição dos lucros junto dos funcionários. Essas tendências irão conduzir a maior volatilidade nos mercados e a contínua disrupção de indústrias na sua totalidade.
A Tesla e Elon Musk, o seu CEO, estão na dianteira. Musk está se tornando o próximo Steve Jobs ou mesmo Warren Buffett em termos de influência. As suas ideias conseguem, sozinhas, mover os mercados. Poderá o seu poder de estrela – culto de personalidade – durar anos? Joel Solomon, do Market Watch, desconfia que sim. Musk, mestre artesão da imaginação pública. Se trata de uma vantagem invejável. O fascínio pelo mesmo poderá gerar bilhões de dólares em valor para a Tesla e tornar as suas ações poderosas no longo prazo.