Quais as grandes vencedoras do boom das criptomoedas?
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9 de Março de 2018

As plataformas de câmbio de ativos digitais são das grandes vencedoras do boom das criptomoedas. Conheça as estimativas quanto às suas receitas diárias e anuais.

As dez maiores plataformas de câmbio de criptomoedas do mundo estão reunindo 3 milhões de dólares por dia e se dirigem para mais de 1 bilhão de dólares por ano — segundo estimativas compiladas pela Bloomberg usando dados relativos ao volume de transações nas plataformas (avançados pelo Coinmarketcap.com) e informação relativa às comissões praticadas pelas mesmas (foram contabilizadas as comissões mais baixas avançadas no site de cada plataforma).

As projeções correspondem a uma estimativa aproximada uma vez que é quase impossível saber o que as empresas estão cobrando — ou que descontos são oferecidos aos traders mais ativos. Com base no volume diário de transações e nas comissões listadas, a receita anual do top 10 deverá entrar nos bilhões de dólares. Embora os números não sejam exatos, a ordem de grandeza mostra que o boom das moedas virtuais está gerando bastante dinheiro real.

“As plataformas de câmbio e as empresas que processam transações são os grandes vencedores [deste mercado] ao permitirem que outros indivíduos participem neste setor em expansão. (…) Há um grande negócio ali e não me surpreendo se estiverem fazendo centenas de milhões de dólares em receita ou mesmo bilhões por ano.” — Afirmou Gil Luria, analista na D. A. Davidson & Co. que reviu a metodologia usada para estimar a receita.

As plataformas de câmbio de criptomoedas Binance (sediada em Tóquio) e OKEx (sediada em Hong Kong) lidam atualmente com o maior volume de transações, equivalente a cerca de 1,7 bilhões de dólares por dia. Com base em comissões de 0,2% (mais elevadas do que as comissões de 0,07% da OKEx para os seus traders mais ativos) é provável que a Binance esteja reunindo mais fundos por dia.

A Huobi, a Bitfinex, a Upbit e a Bithumb, todas baseadas na Ásia, surgem depois no ranking. Processam entre 600 milhões de dólares e 1,4 bilhões de dólares de volume de transações e cobram em média comissões de 0,3%. Se salienta que mais de metade da negociação de criptomoedas a nível mundial tem lugar em plataformas baseadas na Ásia, de acordo com dados compilados pela plataforma de contratos inteligentes Aelf.

A concentração da negociação de criptomoedas na Ásia pode ser explicada pela ampla mineração de criptomoedas na região desde os primeiros tempos da Bitcoin, com os mineiros tirando vantagem de baixos custos de eletricidade — segundo o avançado por Zhuling Chen, cofundador da Aelf. Uma população jovem, que adota nova tecnologia com rapidez, e consumidores confortáveis com pagamentos móveis são também razões para o foco na região.

Entretanto, porém, mais apertada regulação na região — com a China e a Coreia do Sul restringindo a negociação de criptomoedas e o lançamento do mecanismo de angariação de fundos conhecido como Oferta Inicial de Moeda (ICO na sigla original para Initial Coin Offering) — levou a que as variadas empresas asiáticas focadas nas criptomoedas se vissem forçadas a se tornarem globais.

Voltando à Binance, se destaca que a sua proeminência é notável considerando que começou operando em julho. Mudou a sua sede de Xangai para o Japão, depois de o governo chinês ter apertado o controle sobre a indústria no final do ano passado, e processa atualmente 1,4 milhões de ordens por segundo — o que, de acordo com a mesma, a torna uma das plataformas de câmbio mais rápidas do mercado. Além disso, o processo de registro de clientes na sua plataforma é bastante simples.

“Os usuários só têm de passar pelo processo know your customer aquando do saque de fundos. É um processo complicado. Se perdem clientes nas duas a quatro horas que exige. Na Binance, porém, é possível ir de não ter conta a ter fundos na conta em menos de 20 minutos.” — Afirmou Chris Slaughter, cofundador da plataforma de investimento em criptomoedas Samsa. De acordo com o mesmo a Binance é muito fiável.

A sul-coreana Upbit, entre as cinco maiores do mundo por volume de negociação, só começou operando em outubro. É controlada pela Dunamu Inc., que também detém o Kakao Talk, o mais popular aplicativo de mensagens escritas da Coreia do Sul. A Upbit está integrada no Kakao Talk e lista mais de 120 criptomoedas, graças a uma parceria com a Bittrex, sediada nos Estados Unidos.

Todas as plataformas são privadas e têm apenas alguns anos — o que dificulta a busca de informação financeira sobre as mesmas. A HitBTC, a décima maior, não fornece qualquer informação sobre a gestão ou sobre a sua sede, mesmo com clientes colocando essas questões no seu fórum. A Bit-Z, a WEX e a EXX, entre as vinte maiores por volume de transação, também não fornecem quaisquer detalhes.

A Bitfinex, entre as cinco maiores do mundo, foi submetida a amplo escrutínio recentemente, com a Commodity Futures Trading Commission dos EUA enviando intimações à empresa em dezembro.

Entretanto, porém, potencial concorrência de empresas cotadas em bolsa e de empresas financeiras tradicionais poderá levar a que as plataformas de câmbio de criptomoedas se tornem mais transparentes ou venham a reduzir os custos, afirmou Slaughter.

“É provável que empresas mais convencionais como bancos adquiram plataformas de câmbio de criptomoedas a dado ponto para garantirem que têm uma posição estratégica no mercado. É claro. É nos serviços financeiros que toda a receita real das criptomoedas está.”

Fonte: Bloomberg

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