Como o CEO do Twitter se mantém concentrado apesar da onda de críticas

Desde a oferta publica inicial do Twitter, alguns analistas e investidores têm reclamado a cabeça de Dick Costolo. Aqui está como ele se mantém concentrado no que importa realmente. E você, também conseguiria manter o foco numa situação semelhante?

Dick Costolo não tem o ar de um homem que está prestes a explodir. Nos passados meses, uma mão cheia de investidores e analistas têm especulado que Costolo irá pagar o preço máximo pelo crescimento cada vez mais lento dos utilizadores do Twitter, onde tem sido o chefe executivo desde 2010, ao ponto de exigirem a sua demissão. A situação tem estado tão fora de controlo que Jim Cramer da CNBC, que liderou o motim contra Costolo, impôs uma proibição da sua atividade.

No entanto, Costolo, de 51 anos de idade, que fundou três companhias de media digitais antes de se juntar ao Twitter, parece imperturbável. Talvez seja porque o conselho tenha jurado apoiá-lo, e porque ele tem muitos números para se defender. (o Twitter tinha menos de 300 empregados e $29 milhões de lucro quando Costolo tomou o poder; agora os seus empregados são cerca de 3600 e a empresa faz mais de $1,3 mil milhões por ano.) Ou talvez seja porque preocupar-se com rumores vá contra a crença de Costolo que o seu tempo deve ser aproveitado da melhor forma.

Uma semana típica para Costolo envolve 12 a 15 reuniões, por isso ele tem algumas regras para maximizar a sua eficiência.

“Eu sou o tecido conetor destes grupos todos,” diz. "É importante para mim ter um contexto para os diferentes problemas e desafios com que toda a gente tem de lidar.”

“Toda a gente na minha equipa sabe que essa não é uma forma válida de começar uma conversa comigo.”

“Se isto se parece saído do livro de truques de Jeff Bezos, é porque é mesmo,” afirma. “Concordo totalmente com ele.”

Pouco depois de Cosotolo assumir a liderança do Twitter, ele começou a perguntar-se, “Qual é o uso mais vantajoso do meu tempo agora?” Concentrar-se em pequenos detalhes pode atribuir-lhe uma comparação a Steve Jobs, mas não é uma forma eficaz de gerir uma grande empresa.

“Ninguém me vai ouvir dizer ‘Porque é que não escolhemos a cor azul?’ ou ‘Porque é que existem quatro botões em vez de três?’.” “Eu direi sempre ‘Isto parece uma mudança de detalhe quando podíamos estar a fazer uma aposta maior.’”

Uma forma de Costolo concentrar o seu tempo é dando uma aula de gerência trimestral que todos os novos gerentes do Twitter devem fazer. O curso de seis horas inclui lições sobre como definir uma direção, dar e obter feedback, melhorar as equipas, e sermos nós mesmos.

Costolo retirou a ideia do capitalista de risco Ben Horowitz, que lançou um curso semelhantes como chefe executivo da Opsware, para prevenir a sua cultura de se tornar uma colcha de retalhos de práticas de outras empresas.

“É uma das minhas coisas preferidas de fazer,” disse Costolo, “e assim tem-se pessoas a andar não a dizer ‘Era assim que fazíamos na Google’, mas antes “É assim que Dick quer que nós façamos no Twitter.’”

Das coisas que salienta, Costolo refere a sua devoção ao regime de Crossfit, spinning, e passeios de bicicleta pela montanha, que inspiram temor – e talvez algum medo. Um grande crente no poder de criar uma equipa com o “soar em grupo”, Costolo e os seus vendedores participaram em aulas de SoulCycle, às 6h da manhã, durante a “Consumer Electronics Show” este ano.

Para Costolo, a atividade física é necessária, não uma satisfação.

“Dá-me a energia que preciso para trabalhar a horas malucas, como todos trabalhamos agora, sem me cansar completamente e sem ser mau par a saúde,” disse.

Mas o benefício mais valioso da sua rotina diária matutina é que eles o impedem de fazer uma coisa: pensar.

O silêncio mental que alguns procuram na meditação, Costolo encontra no ginásio: “quando se está a fazer CrossFit, ou a sprintar numa bicicleta, não se está a pensar em trabalho. Está-se 100% concentrado no que está a acontecer agora mesmo.”

Para prevenir que as reuniões consumam o seu dia, Costolo reserva um bloco de 60 ou 90 minutos não estruturados de manhã e outro à tarde. Ele usa o bloco de manhã, quando a sua mente está fresca e não obstruída, “para tomar decisões que são difíceis,” diz ele. À tarde, ele gosta de passear pelos escritórios do Twitter para ter encontros não planeados. Enquanto estas conversas podem parecer não ter um objetivo, Costolo usa-as para garanti que as informações filtradas que ouve nas reuniões refletem a realidade no terreno.

“Faz a empresa muito mais produtiva. É menos provável que as pessoas me tentem iludir nas reuniões porque sabem que eu geralmente acompanho o que se passa.”

No seu curto espaço de tempo como uma empresa pública, o Twitter passou de um querido de Wall Street a um desapontamento, com os analistas a especular que Costolo vai ficar sem emprego se os números do crescimento de utilizadores não aumentarem nos próximos meses. Este é exatamente o tipo de escrutínio externo que os fundadores têm em mente quando atrasam o ato de ir a público o mais possível, mas Costolo diz que a sua única preocupação é não se tornar uma distração para os outros.

“Não me preocupa ou afeta,” afirma, “Eu tenho uma boa noção do que preciso de fazer e do que é preciso fazer enquanto empresa, e o conselho e eu estamos em acordo. A tática a seguir, então, é fazer com que o resto da empresa saiba, “Não se preocupem com isto. Nem se quer perco tempo a pensar nisso. Não percam tempo se preocuparem com isso.’”

Se os soldados rasos acreditam nele, é porque Costolo os precaveu que isto iria acontecer.

“Enfrentei a empresa na noite da OPI,” relembra, “e disse, ‘Esta noite vamos celebrar, mas lembrem-se que quando as coisas correm bem, todos sabemos que não são tão boas como toda a gente diz fora da empresa. E quando as pessoas de fora da empresa começarem a dizer que as coisas não estão tão bem, saberemos internamente que as coisas não estão tão mal como eles pensam.” Por isso agora posso voltar e dizer, ‘Lembram-se do que vos disse? Está a acontecer.’”