Pininfarina: a beleza do design automóvel italiano

Passamos em revista o trabalho da empresa de design automóvel Pininfarina, responsável pelo aspeto de alguns dos mais belos Ferraris e Maseratis. Qual dos trabalhos dos designers da Pininfarina é o seu favorito?

No mês passado, começaram a surgir relatos de que a empresa italiana de design automóvel Pininfarina poderá estar prestes a cair em mão estrangeiras, possivelmente no construtor indiano Mahindra & Mahindra. A companhia tem encontrado vários buracos na estrada, desde a morte do seu patriarca moderno, Sergio Pininfarina, em 2012, até ao falhanço em cumprir as metas de restruturação estabelecidas em 2008. À medida que a empresa famosa pelos traços icónicos do século passado da Ferrari, Fiat e Alfa Romeo – assim como designs modernos da Bentley, BMW e Maserati – se prepara para o futuro, damos uma vista de olhos pelo seu deslumbrante e glorioso passado.

Nascido em 1893 sob o nome de Battista Farina, e oficialmente rebatizado Battista Pininfarina em 1961, “Pinin” formou a sua companhia Carozzeria Pininfarina em 1930, focada no design e detalhe de carros dispendiosos e de edição limitada. Os seus clientes iniciais eram membros da realeza europeia e asiática, celebridades e aristocratas, e o seu trabalho mais famoso foi feito para a Ferrari, a partir de 1954. O fundador morreu em 1966 com 73 anos, já após ter passado o controlo da firma para o seu filho, Sergio, e para o seu genro, Renzo Carli.

Este foi um dos primeiros carros desenhados por Pininfarina. (O nome do carro significa “Suíço Hispânico”). O seu número limitado e design único – incluindo as minúsculas janelas traseiras – tornaram-no ainda mais raro que a maioria dos carros de luxo dos anos 30. É extremamente cobiçado nas mesas de leilão.

Este é o outro design preliminar que Pininfarina completou no início da década de 1930. Cerca de oito mil unidades foram produzidas em Itália, antes de uma versão polaca ter chegado ao mercado. Farina mudou oficialmente o seu nome para Battista Pininfarina em 1961, pelo que o nome do seu negócio “sancionou um uso que já predominava em todo o lado”.

Pininfarina desvendou este carro em 1935 no Milan Motor Show. (O nome refere-se aos seis cilindros em linha que equipavam o seu motor.) Foi um dos primeiros que ele criou para demonstrar que a aerodinâmica era a forma mais natural de diferenciar os carros e encontrar novas formas. A traseira cónica deste carro influenciou o Lancia Astura Cabriolet, que surgiu um ano mais tarde.

Pininfarina deixou a famosa frase de que a aerodinâmica era “a forma da velocidade”. Ele foi o primeiro a construir um túnel de vento para testar carros de F1, no Sigma Grand Prix. Este foi um dos primeiros carros desenvolvidos após testes no túnel de vento, conduzidos pelo próprio Pininfarina. Na altura, e com este carro, ele alcançou níveis de aerodinâmica que estabeleceram um novo recorde, forçando outros construtores a melhorarem os seus padrões de eficiência. O Aprilia Aerodinamica foi exibido pela primeira vez em 1936.

Revelado em 1947, o Cisitalia 202 tornou-se eventualmente no primeiro carro do mundo a ser exibido permanentemente no Museu de Arte Moderna em Nova Iorque. Foi rotulado como “um dos oito carros mais fantásticos do nosso tempo”, com uma forma que influenciou dezenas de outros automóveis durante décadas. O carro foi construído com um corpo de alumínio e um esqueleto de aço. Pininfarina afirmou que este era um ponto de viragem decisiva para o estilo automóvel: “Eu sabia que as velhas formas tinham de desaparecer”, afirmou. “Os carros têm de ter também linhas puras, suaves e essenciais”.

Este modelo foi inicialmente construído para o mercado norte-americano entre 1951 e 1954, e foi eleito como o primeiro carro americano desportivo do pós-guerra. Foi produzido pela empresa Nash para atrair a atenção para os seus outros modelos, de preço inferior. Foi apenas anos mais tarde que Pininfarina foi contratado para redesenhar as suas curvas subtis e torná-lo mais parecido com os restantes carros do portfólio da empresa, adicionando elementos como a nova grelha com os faróis embutidos. Por essa altura, o Healey também começou a ser montado em Itália.

A família A6 da Maserati incluía carros desportivos e sedans produzidos durante o final da década de 40 e início de 50. O seu nome homenageia Alfieri Maserati e deve-se ao fato de possuírem motores de seis cilindros. Este modelo foi apresentado em Genéva em 1947.

Revelado em Bruxelas em 1951, este modelo foi o primeiro Ferrari a ser criado totalmente por Pininfarina. Testes registaram a sua velocidade máxima em mais de 185km/h, atingindo os 100km/h em cerca de 10,5 segundos. Estes eram números considerados muito bons, para a altura. As linhas suaves e os faróis característicos do 212 marcaram o tom para vários Ferraris que se seguiram.

A versão original do famoso carro de Dustin Hoffman no filme “A Primeira Noite” (“The Graduate”), este modelo foi produzido entre 1966 e 1993, com um curto número de carros a serem vendidos nos EUA ainda em 1994. No total, foram produzidas 140 mil unidades. O Duetto foi o último projeto no qual o fundador Pininfarina esteve pessoalmente envolvido, mas não durou muito tempo. Após 1967, a versão original do carro foi substituída pelos mais atuais Alfa Romeo Spiders.

Este carro é um descendente to Astura, e está entre os primeiros modelos desenhados pela Pininnarina a serem produzidos em massa. Considerado particularmente apropriado para cruzar as autoestradas californianas, foram vendidas 761 unidades nos EUA. A pouca, mas notável, procura ajudou a estimular um fluxo regular de exportações de viaturas italianas para os Estados Unidos.

A palavra “Astura” refere-se a um rio a sul de Roma que serviu de cenário para a última batalha entre Romanos e Latinos. A área foi mais tarde populada por Romanos abastados que queriam viver mais próximo da natureza, e o carro desenvolvido com eles em mente perpetuou o nome do seu retiro rural. O Lancia Astura Bocca tinha um trabalhar mais suave que os seus predecessores, com um motor V8 e uma caixa manual de quatro velocidades e tração traseira.

Este Lancia foi construído no chassis do Aurelia, como forma de manter as linhas e o tejadilho do sedan no corpo de um coupé. A forma delicada do corpo deste carro, e especialmente as suas janelas traseiras, foram extremamentes influentes – o icónico Lancia Flaminia Pininfarina Coupe é um descendente direto do design do Florida.

Este pequeno descapotável de quatro lugares fez a sua estreia no Turin Motor Show em 1966. O homem que o desenhou, Tom Tjaarda, tinha também desenhado anteriores versões do Corvette e do Ferrari 275 GTS, e este carro reflete alguma dessa influência. Tinha 128 cavalos e um motor de quatro cilindros, e as versões posteriores tiveram sucesso como carros de competição de rali.

Este foi o emblema original da Peugeot, com quarto cilindros, uma transmissão manual de quatro velocidades e um motor de quase 100 cavalos, sem esquecer o teto panorâmico. (A versão de quatro portas surgiu inicialmente em 1968, enquanto o coupé seguiu-se em 1969.) A produção de série terminou em 1983, mas diversas variantes licenciadas continuaram a ser produzidas até ao início dos anos 2000.

Conhecido pelo diminutivo de “Sigma”, este foi um carro especial de F1 construído pela Pininfarina em 1969. Tinha um motor protótipo V12 com 436 cavalos e uma transmissão de cinco velocidades da Ferrari. O carro original foi elogiado pelas suas funcionalidades de segurança inovadoras e pelo seu chassis inédito. Está guardado nas instalações da Pininfarina, em Itália.

Dino é o nome para este automóvel de motor central e tração traseira, produzido pela Ferrari entre 1968 e 1976. Foi criado com o objetivo de oferecer carros desportivos de baixo custo sem alterar a imagem e o nome da Ferrari – eram por isso produzidos pela Ferrari mas intitulados Dino, tal como o filho de Enzo. O nome Berlinetta aponta para a natureza especialmente desportiva deste coupé: em italiano significa “pequeno salão”.

A Cadillac produziu o V8 Allante entre 1986 e 1993, lançando no mercado um total de 21 mil viaturas. Era um descapotável de duas portas e dois lugares, com a primeira antena retratável do mundo. Em 1990 era possível adquirir um exemplar por cerca de 53 mil dólares.

Sergio Farina com o Tesstarossa

Sergio herdou a Pininfarina após a morte do seu pai em 1996. Ele foi responsável por muitos dos mais famosos Ferraris produzidos pela empresa, incluíndo toda a linha Dino (e especialmente o Ferrari Dino Berlinette Speciale). Hoje em dia, o melhores designs da Pininfarina são leiloados por valores que chegam aos milhões de dólares. E o seu trabalho moderno também se mantém relevante: Bentley, Cadillac, Maserati, BMW e Ferrari tiveram vários modelos de sucesso desenhados pela Pininfarina. Sergio morreu em Turim em 2012.