Você é um líder?
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Os líderes assumem a responsabilidade de ser a pessoa em que os outros procuram segurança em tempos de crise. Mas para ser líder que competências terá de desenvolver?

Uma das formas de descobrir passa por fazer um dos muitos testes disponíveis online e ver por si próprio. Tenha cuidado, no entanto: a maioria tenta vender-lhe um serviço no final do teste – seja formação para melhorar as suas habilidades ou produtos como facas Ginsu. Seguem-se alguns para experimentar e, claro, pesquise por si próprio também. O número de testes disponíveis é astronómico.

Outra forma passa por abrir mão dos testes (ou não), assumir que você ainda não é o líder que gostaria de ser – seja qual for a sua visão pessoal do que constitui um líder – e assistir a uma aula.

A boa notícia é que: ao contrário dos muitos testes online que não passam de esboços (mas de facto adorei aquelas facas) as melhores escolas de negócios dos Estados Unidos estão a oferecer cursos desenhados para torná-lo no próximo César, Napoleão, Bolívar, Mao, Washington ou Shaka Zulu. Escolha. A minha seleção não se destina a ser politica – facilmente poderia ter adicionado Gandhi, King e Mandela. Estava somente a expor uma questão.

“É possível aprender a liderar?” de Duff McDonald, publicado nas crónicas da semana passada do The New York Times, juntamente com os cursos disponíveis e alguma da controvérsia ao redor da própria premissa dessa possibilidade.

De facto, a liderança tornou-se tão importante para as universidades famosas que treinaram e produziram em série tantos excelentes e famosos gestores que a sua utilização da palavra atingiu o estatuto de murmúrio.

Vou deixar que leiam o artigo completo e formem a vossa própria opinião. Contudo, faço alguns destaques:

“Será a liderança uma qualidade emergente, tanto situacional como específica de um contexto? Ou trata-se de algo que se pode mesmo ensinar? Ou seja, é possível ser-se um líder sem nunca se ter liderado algo? As universidades de negócios insistem que sim. John Van Maanen, professor de gestão no M.I.T. Sloan e que ensina um curso intitulado ‘organizações líderes’ não está tão certo de que seja possível [ser ensinado]. ‘Mesmo hoje, com mais de três décadas, não existe uma real definição’ diz. ‘Podemos tornar as pessoas mais conscientes de dilemas éticos no mundo dos negócios, da dificuldade de gerir pessoas em momentos de adversidade e das necessárias habilidades de confiança e comunicação para fazê-lo – mas a ideia de que essas habilidades podem ser transmitidas para que se seja capaz de gerir algo a dada altura é ideologicamente vazia.’”

No entanto, acrescenta, e aqui surge o seu remate:

“’É difícil não ficar frustrado com o excessivo foco sobre isso’ diz. ‘Mas tornou-se tão popular que aparentemente não podemos ensinar o suficiente.’” McDonald termina a sua (excelente) peça com a seguinte citação:

“Como Joseph C. Rost salientou no seu livro ‘Leadership for the 21st century’, de 1991, a falta de acordo sobre a questão significa que a liderança é praticamente ‘algo que qualquer um quer dizer que é’ e os líderes são ‘qualquer um que assim é designado’.”

Pense nos grandes líderes da história e nos grandes movimentos históricos que conduziram (e sim, eu conheço a teoria de que a grande mudança é conduzida por pequenas ações – verdade – mas houve sempre um líder/líderes para a galvanizar) – não estou certo de que conseguiria olhar para os mesmos, pelo menos para os meus heróis, e dizer que tinham sido apenas designados assim.

E talvez seja esse o problema no mundo de hoje. O problema dos testes de liderança online; de licenciaturas em liderança (os professores encaram-se como líderes na sala de aula – e alguns sem dúvida são, mas...); de confundir empreendedorismo com liderança e empreendedores com líderes (embora alguns sejam, de facto); de políticos que confundem poder com liderança; de outros políticos que confundem acesso a fóruns públicos como liderança; de chefes de empresas que confundem medo com liderança; e de outros chefes de empresas que confundem título com liderança; e assim em diante.

Eu realmente acredito que estamos diante de uma escassez de verdadeiros líderes e de verdadeira e inspiradora liderança.

E tudo isto leva-me ao seguinte pensamento.

“As grandes empresas não contratam pessoas qualificadas e motivam-nas. Contratam pessoas já motivadas e inspiram-nas.” – Simon Sinek, Start with Why: How Great Leaders Inspire Everyone to Take Action

O problema é que você precisa de líderes para inspirar os já motivados e é aqui que estamos a decair.

Eu diria ainda mais: IE. A Inteligência Emocional é chave para a liderança e quando os líderes saem do caminho é quando ficam surdos...

“How to be emotionally intelligent” de Daniel Goleman é outra peça do The New York Times que penso que completa a primeira. Goleman destaca a sua curta mas concisa lista de competências – e vale a pena ler.

1. Auto-consciência

Auto-confiança realista: você conhece os seus próprios pontos fortes e limitações; você trabalha a partir da competência e sabe quando confiar em alguém da equipa.

Discernimento emocional: você compreende os seus sentimentos. Estar ciente do que o faz sentir raiva, por exemplo, poderá ajudá-lo a gerir essa raiva.

2. Auto-gestão

Resiliência: você permanece calmo sob pressão e recupera rapidamente de transtornos. Você não fica em choque ou em pânico. Numa crise, as pessoas encaram o líder para se sentirem seguras; se o líder estiver calmo, elas também poderão ficar calmas.

Balanço emocional: você mantém todos os sentimentos angustiantes em cheque – em vez de explodir com as pessoas você explica-lhes o que está errado e qual a solução.

Auto-motivação: apesar dos contratempos você continua a mover-se em direção a objetivos distantes.

3. Empatia

Empatia emocional e cognitiva: você coloca as coisas de forma a que os colegas compreendam na medida em que entende outras perspetivas. E você é recetivo às questões dos mesmos, para se certificar. A empatia cognitiva, juntamente com a capacidade de leitura dos sentimentos de outra pessoa de forma precisa, torna a comunicação eficaz.

Bom ouvinte: você presta toda a atenção à outra pessoa e dedica tempo a perceber o que está a dizer, sem falar por cima da mesma ou apoderar-se da agenda.

4. Habilidades de relacionamento

Comunicação convincente: você coloca os seus pontos de forma clara e persuasiva para que as pessoas se sintam motivadas e claras em relação às expetativas.

Jogo de equipa: as pessoas sentem-se relaxadas a trabalhar consigo. Um sinal: riem-se facilmente à sua volta.

Conclusão?

Se você acha que pode aprender a liderar este é um lugar tão bom como qualquer outro para começar.

Os tubarões não são líderes; os predadores não são líderes – não confunda chegar ao topo a qualquer custo com liderança.

Trabalhe a sua IE e veja onde chega.

  • Os líderes lideram – nos bastidores, em tempos de calma, e na dianteira, em tempos de turbulência;
  • Os líderes ouvem – sempre. Tenha ideias mas esteja pronto para substituí-las num instante se alguém tiver uma ideia melhor. E se ninguém tiver, coloque a sua em marcha o mais rapidamente possível;
  • Os líderes preocupam-se – você não é o único com vida. E se você não tem uma, não imponha esse vazio a ninguém. Mas os líderes têm vida;
  • Os líderes ganham e perdem – e quando ganham entregam o crédito; quando perdem, assumem a responsabilidade;
  • Os líderes são implacáveis – nunca desistem, não importa o quê;
  • Os líderes comprometem-se – pois por vezes ser implacável significa nunca desistir, que é igual a compromisso;
  • Os líderes sorriem – pois nunca é demais sorrir;
  • Os líderes são líderes – pois é isso que fazem;
  • E, escute: “Gerir é fazer coisas bem; liderar é fazer as coisas certas.” – Peter Drucker

Fonte: LinkedIn

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