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Ser feliz é o objetivo da maioria das pessoas. No entanto quase todos cometem erros que dificultam o alcance de tal objetivo.

Para muitos de nós a felicidade é o principal objetivo na vida – que vale a pena perseguir acima de tudo. Se mo perguntassem há alguns meses atrás eu teria concordado. No entanto, recentemente, tenho pensado no tipo de erros que cometemos a perseguir a felicidade e pergunto-me se o maior erro não será ver a felicidade como algo que devemos ter como objetivo.

1. O que é a felicidade

De todo o foco que dedicamos à felicidade raramente pensamos no que a mesma realmente significa. Na verdade, existem múltiplas formas de interpretar a “felicidade”.

Poderá realizar-se uma relevante distinção entre formas de felicidade de curto-prazo, intensas – como a emoção, a euforia – e sentimentos menos intensos, provavelmente mais estáveis, de calma e contentamento. Receber um elogio de alguém de quem se gosta poderá ser fantástico durante algumas horas mas poderá dissipar-se em um ou dois dias. Por outro lado, a sensação de ter relações significativas na sua vida poderá dar-lhe um impulso de felicidade menor mas, no entanto, muito mais consistente.

Num interessante artigo do Journal of Consumer Research os investigadores distinguiram entre dois diferentes tipos de felicidade – calma e de excitação – e concluíram que ambos eram experienciados de forma diferente, dependendo do período de tempo considerado pelo indivíduo. Quando estamos focados no presente estamos mais propensos a sentir felicidade de forma calma; quando estamos mais focados no futuro é mais provável que sintamos momentos de ansiedade.

Não se trata de algumas formas de felicidade serem necessariamente melhores do que outras – são diferentes e persegui-las significa coisas diferentes. No The Happiness Myth (O Mito da Felicidade) Jennifer Hecht salienta que os diferentes tipos de felicidade raramente se encontram em harmonia entre si. Perseguir experiências intensas e positivas no momento poderá conduzir-nos a negligenciar os aspetos que conduzem a satisfação no longo prazo – como rejeitar antigos amigos a favor de novos conhecimentos emocionantes ou escapar a um dia de trabalho para ir ao cinema.

Portanto, se queremos ser “felizes” temos de pensar cuidadosamente no tipo de felicidade que procuramos e que compromissos estamos dispostos a fazer. Se não o fizermos, perseguir a “felicidade” como uma meta ampla poderá levá-lo a seguir as coisas erradas.

2. Procurar a felicidade nos lugares errados

Há muitas coisas na vida que nos dão um intenso curto impulso de felicidade: conseguir uma promoção, comprar um novo carro ou peça de roupa ou receber um elogio. Quando experienciamos esse impulso naturalmente queremos mais daquilo que o terá causado – as emoções intensas positivas são altamente fortalecedoras.

Com um feedback muito mais imediato e intenso as emoções fortes podem ser muito mais fortalecedores do que emoções positivas e sustentadas, contudo menos intensas, que obtemos de um período satisfatório de trabalho duro ou de uma relação com alguém que conhecemos há muito tempo. Podemos estar naturalmente motivados para procurar coisas que nos trazem formas mais intensas de felicidade. Está tudo bem com isso, claro, se você tiver refletido e decidido que é uma troca que pretende fazer. No entanto, para a maioria das pessoas imagino que não seja esse o caso.

É também natural sentir que a sua felicidade depende bastante de como determinados aspetos chave na sua vida se encontram: o quanto gosta da sua carreira ou se tem relações com significado, próximas. Mas isto poderá ser mais perigoso do que parece. Alguma pesquisa em psicologia sugere que até tendemos a sobrestimar o impacto no longo prazo, na nossa felicidade, das maiores mudanças na vida. Somos surpreendentemente bons a adaptarmo-nos a coisas novas – boas e más – e a voltar a um nível básico de felicidade. Tal não significa que você será mais feliz com a sua vida caso tenha um trabalho que o preenche –em vez de ter de fazer um esforço para ir trabalhar todos os dias. Mas significa que devemos ter cuidado e não colocar muita da nossa esperança em termos de felicidade em “encontrar o trabalho/relação perfeitos”. Mesmo que encontremos, inevitavelmente iremos encontrar mais coisas com as quais nos sentiremos insatisfeitos. A infeliz natureza da felicidade, ao que parece, é como uma escada rolante: há sempre mais terreno a cobrir.

3. Desejar que as coisas sejam diferentes

Já alguma vez esteve numa reunião de trabalho a desejar desesperadamente estar noutro lugar? Ou desejou parecer um pouco diferente ou viver noutro local ou que alguma habilidade com que tivesse dificuldades se tornasse mais fácil?

Poderá sair-nos o tiro pela culatra quando, ao perseguirmos a felicidade, começamos a tentar mudar aspetos que não estão sob o nosso controle. É fácil pensar em formas através das quais seríamos mais felizes se as coisas fossem diferentes – e é precisamente por isso que nunca estamos totalmente satisfeitos. Em última análise, os aspetos sobre os quais pensamos que depende a nossa felicidade não estão totalmente sob o nosso controle. Não conseguimos controlar se temos o nosso trabalho de sonho ou não. Não conseguimos controlar o que as outras pessoas pensam de nós. Não conseguimos controlar o tempo. Podemos influenciar algumas destas coisas com as nossas ações mas nem sempre as coisas correm como esperamos – não havendo nada que pudéssemos ter feito de forma diferente.

Querer mudar o que não está dentro do nosso controle é provavelmente a melhor forma de viver uma vida cheia de frustração e insatisfação. Infelizmente poderá ser a própria procura de felicidade que muitas vezes leva as pessoas a esse estado de frustração com a forma como as coisas estão atualmente.

4. Pensar que devemos estar felizes a toda a hora

Considerando que são tantos os aspetos que influenciam a nossa felicidade e que não se encontram sob o nosso controle é impossível estarmos felizes a toda a hora. Irão acontecer coisas más ao longo da vida. Alguém que você ama irá ficar doente e morrer. Você terá dias em que passar por tudo irá parecer-lhe uma luta impossível. Você irá experienciar o seu quinhão de emoções negativas e está tudo bem com isso. Lutar contra essas emoções negativas quando as mesmas são apropriadas – dizendo a si próprio que não deve estar triste quando algo triste aconteceu ou criticar-se por se sentir stressado quando tem apenas duas horas para fazer o trabalho de duas semanas – apenas tornará as coisas piores.

É fácil cair na armadilha de pensar que a felicidade deve ser sempre o objetivo. No entanto, por vezes, a felicidade não é a emoção mais útil a sentir. Por vezes não conseguimos estar eufóricos, por muito que tentemos – e tentar por vezes apenas torna as coisas piores. Por vezes é OK não estar feliz.

5. Procurar a felicidade de todo?

Em vez de perguntarmos “Como posso ser feliz?” acho que deveríamos perguntar:

  1. Em última análise o que é que mais me preocupa e quero alcançar na vida?
  2. Que tipo de pessoa quero ser?

A felicidade não é um objetivo, é um sinal de que estamos a viver bem a vida e em concordância com aquilo com que nos preocupamos. Mas é um sinal ruidoso e por vezes é difícil perceber o que é que o está a produzir. Temos de ser cuidadosos para não sermos apanhados a perseguir o sinal e a perder de vista o que o mesmo está realmente a tentar dizer-nos.

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