Um casal mostra-lhe como conciliar uma vida profissional com viagens constantes pelos quatro cantos do mundo. Será que a mesma metodologia se pode aplicar a si?
Quando Chris Garlotta trabalhava em São Francisco raramente se encontrava pessoalmente com os seus clientes.
Agora que trabalha a partir de locais como Berlim, Praga, Vietname e Amsterdão – viajando pelo mundo – diz que as coisas não estão muito diferentes, pelo menos para os clientes.
Para Chris e a sua mulher, Danika, tudo mudou.
“O facto de eu estar aqui em Berlim a lidar com um cliente é exatamente o mesmo de que se estivéssemos na mesma rua.” diz. “Muitas das pessoas com quem trabalho são meus clientes há anos e estão conscientes de que me encontro em viagem. Não vêem qualquer diferença, mas nós sentimo-la.”
Em 2013, quando Chris trabalhava para empresas de tecnologia, em design gráfico e desenvolvimento de websites, e Danika era diretora de marketing de um grupo de hotéis, o casal deixou os empregos e partiu numa viagem pelo mundo totalmente improvisada.
No entanto, planearam continuar a trabalhar em simultâneo, enquanto freelancers nas mesmas áreas: Chris em design visual, aplicações web e na manutenção da sua própria app – ZingSale – que alerta os consumidores para a redução de preços e Danika tanto em estratégia para as redes sociais como em design de marketing.
Após nove meses longe de casa provaram que a sua estratégia de trabalho-em-viagem é bastante sustentável.
“A vida de trabalho das 9 às 5 terminou completamente.” avançou Chris. “Em São Francisco existia a expetativa de que se um e-mail fosse enviado durante o dia de trabalho eu responderia em poucas horas. Isso mudou.”
Danika Garlotta no seu "escritório", Ubud, Bali
Dependendo da quantidade de trabalho que têm o casal estima que trabalha entre 20 a 40 horas por semana.
Danika acrescenta que em vez de sentirem que têm que encarar o tempo no escritório são capazes de realizar o seu trabalho e simplesmente sair.
“Descobrimos que trabalhamos de forma mais eficiente pois não queremos estar parados a navegar na internet – e depois podemos passar o dia a passear e a explorar.”
O casal não utiliza telemóvel para fazer chamadas durante o dia e depende do Google Voice para permitir que clientes (e familiares) lhes liguem para o seu número americano.
Para trabalhar como trabalha, o casal diz que logisticamente tudo o que realmente se precisa é de um computador com ligação a internet sem fios. No entanto, acrescenta que as seguintes opções tornam o trabalho-em-viagem muito mais fácil:
- Um espaço de trabalho confortável. “Quanto começámos a procurar apartamentos no Airbnb a ideia de ter uma secretária e uma cadeira/área de trabalho confortável não passava pelas nossas cabeças.” Nota Danika. “Agora, esse é um dos must-haves quando procuramos um lugar para ficar.”
- Um smartphone com internet. Chris avança que “É perfeito para o caso de a internet no seu apartamento falhar ou se tiver uma viagem de comboio de quatro horas. (…) Isto inclui saber como ligar o seu telemóvel ao seu computador para obter a internet.”
- Relógios internacionais. Danika menciona: “Mantenha um conjunto de relógios no seu telemóvel para saber sempre que hora é em diferentes locais do mundo.”
- Uma agenda prática. Chris brinca com o seguinte facto “A Danika gosta de manter uma agenda para apontar moradas e informação de viagem (no caso de os nossos telefones, iPad e computadores não funcionarem”.
- Uma bolsa para manter os cabos e carregadores juntos.
Reconhecem que continuam a receber o suficiente para que o seu estilo de vida não diminua em relação à vida em São Francisco – vivendo em cidades com custos de vida inferiores e com iniciativas de poupança, como evitar hotéis a favor de apartamentos do Airbnb. Chris estima que recebem cerca de 40% do que trouxeram de trabalho nos EUA.
Meissen, Alemanha. Danika avança “Um dia de viagem a partir de Dresden, na Alemanha, para a pequena cidade de Meissen para uma degustação de vinhos é um dia bem passado. (…) Esta é a vista da adega de Schloss Proschwitz e sim, trata-se de um verdadeiro castelo no fundo.”
O casal tem dois conselhos para o sucesso contínuo de pessoas que queiram ganhar a vida viajando em simultâneo.
Não utilize a falta de internet como uma desculpa
Danika aconselha: “Tenha sempre um plano B. (…) Certifique-se de que o seu telemóvel tem internet e que sabe onde se encontram os cafés com acesso wi-fi.”
Chris relembra:
“Quando estávamos em Bali, a ligação wi-fi em algumas ilhas mais pequenas era realmente má. A velocidade de ligação era mais lenta do que a ligação por modem costumava ser. Isto tornava a videoconferência, chamadas e a mera utilização de internet impossível. Num negócio onde dependo da ligação à internet aprendi a tirar ‘férias’ viajando para áreas mais remotas.”
Defina limites com os seus clientes e mantenha-os
“Certifique-se de que desenvolve confiança com os seus clientes e de que estabelece limites. Se surgir um problema, se alguém precisar de algo dentro de uma hora – os seus clientes precisam de confiar no seu processo e reação.” Explica Danika. “Você não pode estar sempre a vir ao escritório ou a atender chamadas. Defina horários em que estará constantemente acessível.”
A melhor forma de construir essa confiança, dizem, será fazer um bom trabalho e entregá-lo a tempo.