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Robert Locke, da Lifehack - Tips for Life, desmistifica a agricultura biológica. Leia com atenção.

Na segunda-feira passada, enquanto passeámos pelas ruas de Nápoles depois de almoço, passámos por uma loja de alimentos biológicos. Notámos que o design e as cores eram principalmente verdes, claro. Comentámos os elevados valores dos alimentos e não conseguimos evitar questionar alguns dos factos comumente associados à produção biológica: será mais saudável, protege o ambiente? Quando cheguei a casa fiz alguma pesquisa. Segue-se o que descobri.

Os 10 principais mitos em relação aos alimentos biológicos

1. A agricultura biológica protege a vida selvagem

Ouvimos pessoas dizerem-no a toda a hora. Sim, a agricultura biológica não recorre a pesticidas ou herbicidas logo não é prejudicial para o solo ou para os animais selvagens. O único problema é que este tipo de agricultura exige muita terra – um bem escasso. Teríamos de cortar muita floresta se o mundo decidisse adotar a produção biológica a nível mundial. A agricultura moderna, por sua vez, tem salvo o habitat de muitos animais selvagens.

2. A agricultura biológica irá salvar o mundo da fome

Se acha que este tipo de agricultura irá salvar o mundo da fome deverá pensar novamente. Sim, é verdade que num mundo ideal será melhor evitar pesticidas e herbicidas mas reduzir a produção alimentar apenas irá fazer com que haja menos alimentos disponíveis para quem passa fome no mundo. É um tópico controverso.

3. A agricultura biológica não recorre a pesticidas

A verdade é que na agricultura biológica também se recorre a pesticidas e fungicidas, logo não poderá fugir aos mesmos. Sabia que existem 20 substâncias químicas aprovadas pelo US Organic Standards e que estas são utilizadas na produção de alimentos biológicos? O alarmante é que estas não são tão eficazes como as sintéticas, utilizadas na agricultura convencional. Então, os alimentos biológicos poderão conter mais químicos do que o necessário. Estimativas indicam que a agricultura biológica recorre ao dobro da quantidade de fungicidas com cobre e enxofre do que a agricultura convencional!

4. Os alimentos biológicos são mais nutritivos

A má notícia é que isto não é verdade de todo. Diversos estudos mostraram que o milho biológico poderá ter mais flavonoides que o milho normal. São diversos os estudos que mostram que não existe vantagem nutricional no consumo de alimentos biológicos. A verdade é que o nível nutricional depende do tempo de vida dos legumes na prateleira. Até podem ser biológicos mas se os espinafres tiverem estado na loja durante uma semana, então já perderam 50% do seu valor nutricional.

5. Os alimentos biológicos são mais seguros

Muitas pessoas pensam que biológico significa sempre mais seguro e saudável. Infelizmente, nem sempre é verdade. Tomemos um pesticida orgânico infame chamado rotenona como exemplo. Sim, é orgânico pois é extraído das raízes e caules de plantas subtropicais. O único problema é que os investigadores descobriram que o mesmo mata mitocôndrias, que são como energia para as nossas células, e está também ligado à possibilidade de causar a doença de Parkinson. São apenas alguns exemplos mas no geral as bactérias e fungos de muitas plantas são uma mistura tóxica. Só porque não têm um nome químico, difícil de pronunciar, não significa que sejam totalmente seguros.

6. A agricultura biológica é sempre ecológica

Poderá ser verdade para alguns casos mas veja como as estatísticas e rótulos foram manipulados para satisfazer a sede por ingredientes biológicos. Tomemos o exemplo do leite biológico. Tem sido tanta a procura que os grandes gigantes da produção alimentar, que se gabam de estar a produzir leite biológico, estão na realidade a importar ingredientes. O quão ecológica é esta medida? E quem controla a fonte, quantidade, pureza e segurança dos ingredientes importados?

7. Os alimentos biológicos são mais limpos

Quer os alimentos sejam cultivados de forma orgânica ou não correm sempre o risco de conter bactérias E-coli – muito difíceis de tratar com antibióticos nos dias de hoje. As pessoas pensam que os alimentos biológicos estão de alguma forma protegidos de todos esses germes. Na verdade, não estão e precisam de ser lavados tão vigorosamente como os vegetais produzidos numa unidade agrícola intensiva. Num período de 10 anos, no final da década de 1990, cerca de 10.000 pessoas sofreram de intoxicação alimentar por alimentos infetados com E.coli – e em muitos dos casos a culpa recaiu sobre alimentos biológicos.

8. Os rótulos biológicos são uma garantia de qualidade

O Departamento de Agricultura dos EUA deu início a um programa de certificação biológica que ajuda os produtores a atingir os altos padrões deste selo. No entanto, o selo deve ser utilizado com precaução e ceticismo. De acordo com Peter Laufer, autor, a investigação quanto à origem de determinados alimentos biológicos consegue ser extremamente difícil.

9. Os produtos biológicos são cuidadosamente inspecionados

Sim, as quintas biológicas, os colaboradores, o transporte e outros relevantes processos de produção são inspecionados e de seguida os seus produtos são certificados. O único problema é que o processo é muitas vezes mal realizado e há empresas certificadoras que são muito menos rigorosas ou mais baratas de contratar. Há muitos conflitos de interesse logo não existe garantia total que cada maçã biológica que compre tenha sido adequadamente inspecionada.

10. A procura por alimentos biológicos está a aumentar

Há lobbies poderosos que declaram que a procura por alimentos biológicos está a aumentar a uma taxa exponencial. No Reino Unido, apenas 1% dos alimentos vendidos são considerados biológicos.

É impossível dizer se os alimentos biológicos são automaticamente mais seguros ou mais nutritivos do que os alimentos produzidos de forma convencional. Abundam mitos e são diversas as falsas alegações. Não há nada intrinsecamente errado com os produtos biológicos mas deve encarar os rótulos com reservas.

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