Nômadas digitais: como usar criptomoedas pelo mundo
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9 de Setembro de 2018

Bitcoin, Litecoin, Ethereum. Criptomoedas. O que era visto como uma moda está agora sendo considerado como um dos principais veículos de investimento do mundo. Porém, nem todos se focam na mera especulação: há um pequeno grupo de entusiastas que olha para as criptomoedas para transações monetárias reais, do quotidiano, nomeadamente em viagem.

A ascensão das viagens com criptomoedas

O advento de «maior acessibilidade ao sistema financeiro das criptomoeda ajudou os viajantes,» afirmou Laura Shin, que desenvolve os podcasts sobre criptomoedas Unchained e Unconfirmed. Shin acompanha o setor das criptomoedas há mais de três anos.

Existe um «efeito rede,» concordou Michael Dalesandro, fundador e diretor executivo da RockItCoin. Entrou no mercado em 2015. Desde então, estima ter observado crescimento anual na ordem de 60% do número de caixas automáticas de Bitcoin.

«São tantos os benefícios de deter criptomoedas em relação a contas bancárias e a financiamento tradicional,» afirmou Gili Gershonok, nômada digital de 34 anos que considera o mundo a sua casa. A israelita avançou que os indivíduos que estão familiarizados com viajar e viver fora estão mais acostumados a criar novas contas bancárias e poderão estar mais abertos para as vantagens de deter fundos sem fronteiras.

Desde 2016 que Gershonok negoceia criptomoedas — e recebe pelo seu trabalho sob essa forma também. Embora costume trocar as criptomoedas obtidas por moeda «tradicional» para gastos diários, tenta usar as criptomoedas sempre que possível. Já chegou a comprar um café com Litecoin em Praga, na República Tcheca.

Equilibrar o estilo de vida nômada com a negociação de criptomoedas

Para os indivíduos que usam as criptomoedas como forma de investimento, os peritos recomendam a compra de cartões SIM locais para se manterem atualizados quanto ao mercado.

Blake Sandall, nômada digital que negoceia criptomoedas enquanto viaja pelo mundo, opta por atualizações diárias do mercado via mensagens escritas, em vez de e-mails, para não ter de se preocupar com a ligação à Internet. Compra cartões SIM quando chega a um novo destino.

Uma das suas mais entusiasmantes operações se deu quando vendeu Ethereum no início de 2018. Teve um lucro de 960 dólares que usou para chegar ao Everest Base Camp.

Volta ao mundo com apenas «bitcoins»

Felix Weis, entusiasta das criptomoedas, é um exemplo. Passou 18 meses viajando pelo mundo usando apenas bitcoins. Passou por 27 países e a sua viagem contou com um pouco de tudo, tendo ido do Japão a Cuba — onde a falta de Internet de alta velocidade tornou tudo uma dor de cabeça.

Começou a viagem em 2015. Converteu todas as suas economias em bitcoins (algo que não aconselha a fazer), preparou uma mochila e estabeleceu três regras.

Não podia usar a sua conta bancária ou cartão de crédito. Não podia trocar uma moeda nacional por outra. E, acima de tudo, tinha de pagar com bitcoins o mais frequentemente possível.

Se não conseguisse pagar com bitcoins, podia usar fundos obtidos em negociação peer-to-peer. A sua primeira compra foi um passe integral para um mês — para, caso a experiência não resultasse, pelo menos poder voltar para a Alemanha, onde vivia. Usou a página AllForBTC para comprar o bilhete. Além disso, tinha um cartão de crédito para qualquer emergência, mas desistiu do mesmo após três meses quando decidiu viajar apenas com Bitcoin.

«A parte mais difícil foi encontrar mercearias ou restaurantes que aceitassem bitcoins,» afirmou Weis, que tem hoje 30 anos. Em alguns países, como a Turquia, onde a penetração da Bitcoin não era significativa, teve de convencer outras pessoas a aceitarem BTC. Mas no fundo apreciou o desafio — chegou a convencer uma empresa turca de parapente a aceitar criptomoedas.

«Na altura existia uma pequena, muito pequena, mas vibrante comunidade ao redor da Bitcoin,» relembra Weis. «Só em 2017 é que cresceu e contou com um público muito maior.»

Se prepara-se para o inesperado

Se quiser viajar com criptomoedas se prepare para o inesperado.

«Um dia fiquei desconetada de todos os meus meios financeiros em um minuto,» afirmou Gershonok. Estava em um resort na Tailândia, tentando marcar um voo e a sua acomodação seguinte, quando de repente ficou incapaz de usar qualquer uma das suas contas. «Não é para alguém que entre em pânico se não conseguir aceder aos seus fundos.»

«O mundo das criptomoedas torna [ser um nômada digital] mais fácil,» afirma Gershonok. «Prepara a sua mente para esta ideia de ser e estar descentralizado.»

Fonte: Forbes

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