Artigo do businessinsider.com analisa o acordo Microsoft - LinkedIn e o acordo Tesla - SolarCity
No mês passado, duas grandes empresas de tecnologia anunciaram acordos surpreendentes.
O primeiro – a aquisição do LinkedIn pela Microsoft (NASDAQ: Microsoft Corporation [MSFT]) por 26 mil milhões de dólares. O segundo – a aquisição da SolarCity pela Tesla (NASDAQ: Tesla Motors [TSLA]) por 2,8 mil milhões de dólares.
Tanto as ações do LinkedIn (NYSE: LNKD) como as da SolarCity (NASDAQ: SCTY) enfrentaram dificuldades este ano, o que as tornou interessantes alvos de aquisição. O LinkedIn caiu 40% antes do acordo enquanto a SolarCity caiu 60%.
Além disso, embora envolvam valores muito diferentes, os dois acordos são relativamente semelhantes enquanto percentagem dos valores de mercado das empresas – o valor equivale a cerca de 6,5% para a Microsoft e 10% para a Tesla.
Muito já foi escrito quanto ao facto de estes acordos virem a ser, ou não, bons para as empresas compradoras. A Microsoft, por exemplo, foi alvo de crítica quanto à dimensão da sua aquisição.
Os analistas e especialistas de Wall Street irão analisar os detalhes ao longo das próximas semanas, meses e anos. No entanto, o mais importante no longo prazo são os insights que se podem obter ao olhar para estes dois acordos de uma perspetiva estratégica – que mostra claramente que Satya Nadella, CEO da Microsoft, está a fazer melhores movimentos estratégicos que Elon Musk, CEO da Tesla.
As aquisições tendem a cair em três enquadramentos:
- uma aquisição que fornece escala ou capacidades/recursos adicionais;
- uma resposta aos desenvolvimentos dos mercados, como alterações ao nível da tecnologia ou dinâmica da indústria;
- um movimento para responder à evolução das necessidades dos consumidores.
O acordo Tesla – SolarCity
A aquisição da SolarCity pela Tesla é um movimento centrado na empresa que pode, pelo menos à superfície, parecer fazer sentido – duas empresas de energia verde unem-se para criar um planeta mais saudável, desde a forma como se viaja até onde se vive.
Para complicar as coisas, no entanto, surge a aparência de que a aposta na SolarCity é apenas um movimento para projetar financeiramente Elon Musk para fora de uma má posição. Como presidente do Conselho de Administração da SolarCity, detém mais de 20% da empresa – mesmo tendo financiado parte da sua compra de ações com empréstimos que recorreram às ações como garantia.
É claro que Musk encara a situação de forma diferente, argumentando que a combinação das duas empresas é “lógica”. Numa teleconferência com analistas, Musk chegou ao ponto de dizer “Não tenho qualquer dúvida quanto a isto – zero”. Os investidores discordaram. As ações da Tesla (NASDAQ: Tesla Motors [TSLA]) caíram mais de 10%, um declínio que valorizou a SolarCity em 0 dólares.
Apesar desse nível de confiança ter funcionado para Musk, com o valor da Tesla a aumentar cinco vezes em três anos, não tende a funcionar bem com aquisições. Unir duas empresas com culturas, focos e modelos de negócio diferentes é um desafio até mesmo para os CEO mais experientes.
Com Musk envolvido no desenvolvimento de novas tecnologias em novas indústrias, irá criar um encargo adicional para a Tesla que não irá adicionar qualquer valor – enquanto tenta salvar a SolarCity (NASDAQ: SCTY).
Poucos sabem isso tão bem como a Microsoft.
No passado, muitas das aquisições da Microsoft (NASDAQ: Microsoft Corporation [MSFT]) envolveram a compra de empresas centradas em hardware, em que os dispositivos e equipamentos criavam uma audiência de utilizadores para o seu software. Superficialmente, esta estratégia fez sentido na medida em que a Microsoft procurava ganhar escala, algo que a Tesla também procura. Na realidade, no entanto, foi um fracasso pois forçou a Microsoft a seguir a indústria e a apostar em categorias altamente competitivas onde tinha experiência e capacidade limitadas.
Na aquisição do negócio de dispositivos e serviços da Nokia por parte da Microsoft, por 7,9 mil milhões de dólares, a gigante de tecnologia perseguiu o mercado, procurando recuperar terreno nas guerras dos smartphone iOS e Android. A estratégia, que raramente se provou bem sucedida independentemente do adquirente, levou a uma redução de mais de 7,6 mil milhões de dólares do valor da mesma.
Como é que o acordo Microsoft – LinkedIn é diferente
Contrariamente à sua história e à proposta da Tesla pela SolarCity, o acordo Microsoft-LinkedIn não é sobre ego. Em vez disso, é um movimento centrado no consumidor onde a Microsoft olha para a paisagem e projeta o valor que poderá proporcionar aos utilizadores no longo prazo.
Evidências do pensamento de Nadella podem ser consideradas nos primeiros comunicados de imprensa, bem como na decisão de deixar o LinkedIn (NYSE: LNKD) uma entidade separada.
Jeff Weiner, CEO do LinkedIn, avançou que passou bastante tempo com Satya Nadella, atual CEO da Microsoft, a pensar estrategicamente – um movimento que revelou oportunidades para ambas as marcas quanto a melhores formas de servirem os seus clientes.
É este o tipo de pensamento que leva as marcas a serem bem sucedidas nos dias de hoje. Os consumidores querem marcas que acrescentem valor, resolvam problemas e tornem a vida mais fácil. Em troca, os consumidores envolvem-se com as mesmas.
A Microsoft e o LinkedIn irão desbloquear eficiência para os seus utilizadores ao integrarem ocore business da Microsoft, as ferramentas de produtividade, nos recursos sociais do LinkedIn.
A Tesla e a SolarCity (ainda) não têm um plano para os seus clientes. No entanto, é um plano para a Tesla e SolarCity. A história tem provado que se trata de uma estrada difícil.