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14 de Novembro de 2018

A opinião de Aaron Brown, em colaboração com o bloomberg.com

A Ernst & Young publicou recentemente uma análise condenadora das Ofertas Iniciais de Moeda (ICO) de 2017 — se concentrando no desempenho financeiro do equivalente às Ofertas Públicas Iniciais (IPO) do mundo das criptomoedas desde o final de 2017, o que não reflete a competência dos seus promotores nem a viabilidade tecnológica da iniciativa.

Se entende que a E&Y tenha apontado as principais falhas das ICO. Muitas não passaram, de fato, de fraudes ou de iniciativas incoerentes e irrealistas, e a propaganda ao seu redor foi efetivamente exagerada. Entretanto, muitas se encontram moribundas, algumas devolveram os fundos aos respetivos investidores e outras estão em silêncio total.

Porém, deve se destacar que a maioria dos fundos investidos foi aplicada a projetos que permanecem viáveis — com níveis gerais de sucesso comparáveis aos de projetos de desenvolvimento de software convencional e a iniciativas em estágio inicial, especialmente à luz de sérios problemas de financiamento causados pelo entusiasmo volúvel dos investidores.

Durante a «bolha das criptomoedas» foram, com efeito, muitas as ideias recebendo muito dinheiro, muito cedo — com muito pouca supervisão. Se atraíram muitos burlões e otimistas iludidos e, como consequência, projetos valiosos lutam agora para conseguir os relativamente poucos dólares de que precisam para alcançar a linha de chegada.

Mas voltando à análise [precoce] da E&Y se sublinha que serão necessários pelo menos cinco anos para se conseguir avaliar as ICO de 2017 de forma justa. Nessa altura colocaremos duas questões: o projeto resultou em tecnologia viável e útil? Os investidores da ICO foram recompensados adequadamente através da valorização dos seus tokens?

(Nota: o autor do artigo original tem participações em vários projetos mencionados)

A E&Y reclama que as ICO de 2017 perderam 66% do seu valor ao longo de 2018.

O que isso nos diz é que houve uma bolha de preços no final de 2017. Considere a Tezos, por exemplo. Reuniu 232 milhões de dólares em julho de 2017 com o token a 42,5 centavos de dólar — e agora vende a 1,41 dólares, um aumento de 231%. Porém, durante a bolha chegou tão alto como 10,56 dólares o token, perdendo, assim, 86% este ano.

Todavia, tal é irrelevante.

Neste caso os investidores têm o direito de perguntar se os 232 milhões de dólares recebidos para desenvolvimento foram bem gastos. No entanto, ninguém tem o direito de reclamar que após a emissão dos tokens investidores otimistas não relacionados com a Tezos tenham apostado na subida de preço e não tenham conseguido mantê-lo nesses níveis.

A Ernst & Young lista a Tezos como «abaixo do preço de listagem» pois conta a partir de 2 de outubro de 2017, quando a Tezos apareceu nas maiores plataformas de câmbio — negociada a 1,66 dólares. Porém, a questão relevante aqui é como é que é negociada hoje em relação ao preço da Oferta Inicial de Moeda, ou seja, 42,5 centavos de dólar.

A alegada perda de valor das ICO este ano, em relação a 2017, avançada pela E&Y, diz pouco ou nada quanto ao quão boa uma ideia de ICO é, o quão honestos e competentes os indivíduos gastando as receitas da ICO são ou quanto ao progresso técnico realizado para implementar a ideia. Diz mais sobre os investidores do que sobre as criptomoedas.

Mas as suas queixas não acabam por aqui.

A E&Y lamenta ainda que 71% dos projetos de ICO continuem apenas «ideias». Em termos de desempenho financeiro, as ICO são ponderadas em dólares, o que significa que «apenas» as grandes importam. Todavia, a E&Y se refere ao número de ICO — com estatísticas dominadas pelas mais pequenas, quanto às quais é difícil reunir informação.

As 10 ICO de 2017 que reuniram mais de 50 milhões de dólares representam mais de um terço de todos os dólares arrecadados. Quatro (Filecoin, Polkadot, Status e Qash) estabeleceram lançamentos para 2019. Todas lançaram versões de teste demo ou beta ou têm funcionalidade parcial. Outras três (Bancor, Kin e WAX) foram lançadas em 2017.

A Tezos foi lançada em setembro de 2018 e as restantes duas (Sirin e TenX) prometeram lançamentos também este ano. É, efetivamente, positivo se conseguir acompanhar o progresso de alguns projetos — porém, para a maioria dos restantes não se passa muito além da suposição, sendo garantido ceticismo quanto ao grosso.

Nem todos os projetos de ICO estão dentro do cronograma previsto, é um fato. A maioria enfrenta contratempos, adiando objetivos. Questões de governança, de regulamentação e de desinformação continuam os afetando — e ideias que funcionaram de forma elegante em Livros Brancos se provaram conflituosas em termos de código.

As taxas de uso têm sido, geralmente, dececionantes.

No entanto, se trata de aspetos expectáveis com inovações ousadas — o caso da maioria das ICO, que envidam todos os esforços em questões técnicas, representam uma nova forma de organização de projeto e reúnem capital usando um modelo não testado. No geral, olhando para as maiores ICO ou para as mais pequenas mas com fundações sólidas, o progresso tem sido melhor que expetativas razoáveis na altura da emissão.

A opinião do autor pode não coincidir com a posição dos editores.

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