A brilhante aposta da Apple em ecrãs grandes
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Originalmente, Steve Jobs afirmara que ninguém iria comprar o smartphone grande. Porém, a decisão da Apple de produzir iPhones com ecrãs maiores revelou-se um sucesso. Quais foram os condicionantes desta estratégia?

Quando a Apple anunciou o ano passado que os seus novos iPhones teriam ecrãs significativamente maiores, foi – a certo ponto – com muita liberdade. A companhia já há muito que tinha o seu nariz apontado para smartphones enormes, mas depois o CEO Tim Cook anunciou que os novos iPhones que se podem comprar vêm apenas em dois tamanhos: extra grande e extra extra grande.

A aposta da Apple rendeu bem, bastante bem. A companhia divulgou os seus resultados de Dezembro ontem, e os iPhones XL e XXL brilharam sobre todos os outros.

As expedições de iPhones chegaram aos 74,5 milhões – 46% mais que o recorde anterior, estabelecido há um ano, e é o maior salto de vendas de iPhones de sempre.

As receitas do iPhone chegaram aos 51,2 mil milhões de dólares. O que representa 69% do total de vendas da empresa, a maior percentagem de sempre.

A popularidade do iPhone na China disparou, apesar da crescente proeminência da Xiaomi e outras marcas locais de smartphones. A Apple foi o maior construtor de smartphones na China no último trimestre, de acordo com a empresa de pesquisas Canalys.

O preço médio do iPhone chegou aos 687 dólares, mais 50 que no mesmo período do ano passado. No campo das receitas, a Apple atribuiu os seus ganhos à “popularidade do iPhone 6 Plus, que custa mais 100 dólares que o iPhone 6, e ao valor acrescentado que os clientes viram na nossa oferta de maior capacidade de armazenamento.”

Oh como a situação mudou. Em 2012, quando a companhia apresentou o iPhone 5 – que era mais comprido mas não mais largo que os seus precedentes – Phil Schiller, Chefe de marketing de produtos Apple, deu extrema importância ao controlo do polegar.

“Qual é o centro do design do telemóvel? É isso mesmo – a nossa mão”, disse ele mostrando um slide de um polegar humano. “Um telemóvel deve estar confortável na nossa mão e, mais importante, deve ser de fácil utilização com esta ferramenta mágica que levamos connosco chamada polegar oponível”.

Este foi um soco nos telemóveis rivais que se estavam a tornar ainda maiores. Potencialmente por acidente: uma teoria sugere que os construtores de telemóveis Android tiveram de criar telemóveis maiores porque não tinham a tecnologia mini da Apple. A Apple, entretanto, seguiu em 2013 com o iPhone 5S, que manteve os mesmos ecrãs de 4 polegadas que os precedentes.

Mas em 2014, tornou-se obvio que o mercado gostava demasiado de telemóveis maiores. Alguns podem até ter tentado evitar telemóveis da Apple porque não vinham em tamanhos grandes o suficiente. Smartphones estavam a tornar-se computadores de bolso que as pessoas usavam durante horas todos os dias e, em muitos casos, um ecrã maior era simplesmente melhor.

Portanto a Apple não conseguiu evitar pensar em grande, muito para o desagrado do seu rival Samsung, que tem anúncios publicitários a contestar a citação de Steve Jobs de que “ninguém vai comprar” um telemóvel grande. Este é, já agora, um dos melhores truques no livro da Apple. A empresa tem voltado atrás com a sua palavra várias vezes ao longo dos anos, sempre pelo melhor. Estas reviravoltas vão desde iPods que reproduzem vídeo a tablets pequenos.

Agora, enquanto alguns puristas desejam um iPhone mais pequeno, milhões adoram o iPhone 6 e o monstruoso iPhone 6 Plus. E a Apple demonstra-se muito esperta – e a rir por último.

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