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A United Launch Alliance (ULA) e a SpaceX disputam o mercado de lançamento de foguetes do exército norte-americano, e a ULA utilizou um argumento inteligente para poder continuar a comprar motores à Rússia.

O sucesso da SpaceX é tão grande que está a colocar em risco a capacidade do governo dos EUA de aceder ao espaço?

Este foi a situação apresentada pela sua principal concorrente em lançamentos de foguetes de segurança nacional, feita ontem, enquanto pedia permissão para comprar mais motores de foguetes ao governo russo.

Tory Bruno, o novo presidente da United Launch Alliance (ULA), uma associação conjunta entre a Boeing e a Lockheed Martin, e Gwynne Shotwell, o presidente da SpaceX, revezaram-se em insultos perante os legisladores encarregados de supervisionar o acesso do exército norte-americano ao espaço.

Anteriormente, a ULA detinha o monopólio sobre os contratos de lançamentos de satélites militares, graças ao seu conjunto completo de foguetes leves e pesados assim como possuir um registo de confiança. Mas a SpaceX está a forçar o seu caminho para o negócio. Processou a Força Aérea e recebeu um acordo que se destina a aumentar a concorrência, e espera-se que esteja completamente certificada para competir por contratos em junho de 2015. É apontado que os foguetes pesados não estarão prontos para voar pela Força Aérea até 2021 ou 2022, na melhor das hipóteses.

A razão pela qual o Congresso possa estar interessado é simples: o preço. A SpaceX pode lançar o seu foguete padrão, o Falcon 9, por $150 a $160 milhões. O custo de lançamento da ULA é maior: A organização Government Accountability relatou que o custo médio é de mais de $400 milhões por voo, com base nos contratos atuais com a Força Aérea. Bruno diz que o custo é mais baixo – $164 milhões até $350 milhões, mas não está claro como esses valores se referem aos custos reais que são pagos pelos contribuintes.

Questionado por que razão os foguetes SpaceX são muito mais baratos do que aqueles construídos pela ULA, Shotwell disferiu o golpe da noite, dizendo aos legisladores:

"Eu não sei como construir um foguete de $400 milhões, eu não entendo como eles podem ser tão caros."

É esta diferença de custos que Bruno, que se tornou presidente da empresa em agosto de 2014, foi escolhido para corrigir: ele prometeu cortar nos custos e criar uma experiência de cliente, “literalmente como ir a um website e construir o seu próprio foguete."

Mas ele tem um grande problema: o seu foguete com melhor relação qualidade/preço é dependente de motores importados da empresa aeroespacial estatal da Rússia, e o Congresso anunciou que mais nenhum foguete deve ser comprado a esta empresa, reagindo à anexação da Crimeia pela Rússia, e ao apoio de Moscovo aos rebeldes no leste da Ucrânia.

No passado ano, o ex-diretor executivo da ULA Michael Gass declarou que a empresa tinha acumulado motores russos suficientes para corresponder a todas as necessidades durante os próximos dois anos, e que tinha investido "centenas de milhões de dólares" para ser capaz de reproduzi-los nos EUA e que, independentemente disso, tinha "outro produto que é completamente compatível e está pronto para apoiar qualquer uma das missões" — o foguetão Delta IV de fabrico americano.

Aparentemente, isso não é bem verdade: o Bruno diz que a empresa vai recuar no Delta IV, pois não pode competir com a SpaceX em termos de preço, deixando-o com a sua única reserva limitada de foguetões Atlas movidos por motores russos. Ele disse aos legisladores que se a ULA não pode lançar os seus foguetões movidos pelos motores russos e recua nos seus dispendiosos foguetes americanos, deveria cobrar até mil milhões de dólares por cada lançamento de um foguetão de grande porte.

Isto é um jiu-jitsu genial por parte da ULA. O governo americano quer ter duas famílias diferentes um foguete leve e um foguete de grande porte a competir em termos de preço, para poder ser capaz de ir sempre até ao espaço. No entanto os oficiais de defesa temem que a SpaceX poderá dominar a competição de pequenos foguetes antes que os foguetões de grande porte estejam prontos a ser lançados, levando a ULA— e o seu foguetão de grande porte—à falência, e deixando a Força Aérea sem um foguetão de grande porte para utilizar numa janela de tempo. Uma falha para garantir tal acesso durante os anos de 90 resultou num conjunto de lançamentos fracassados que tiveram uma despesa de $5 mil milhões, e destruíram três satélites. É por essa razão que a ULA quer uma isenção na proibição de comprar motores russos.

A SpaceX, previsivelmente, crê que os receios da ULA sejam exagerados, e que os seus planos sejam na realidade uma tentativa levemente disfarçada de receber os subsídios do governo que não podiam ganhar na competição: a ULA não tem de retirar o seu foguetão Delta IV, e poderia tentar expandir as suas ofertas comerciais limitadas de modo a apoiar o seu foguetão de carga pesada. E quando se fala de motores russos, Shotwell questiona:

“Como poderemos justificar comprar mais, e financiar a força militar russa?"

Mas os legisladores encontram-se com uma escolha difícil, realçada pelos atrasos verificados num lançamento do Falcon 9, que estava programado para este fim-de-semana. É o velho ditado em que temos que escolher duas das três opções: barato, rápido, e bom. Enquanto vários membros do Congresso têm expressado uma forte oposição em enviar mais dinheiro para a Rússia, a ULA e as suas empresas superiores têm grandes ligações políticas em Washington. Se a experiência passada for um indicador, os legisladores selecionarão rápido e bom acima de barato— o que poderá ser a razão para o presidente da comissão, o representante Mike Rogers, ter oferecido um apelo no final:

“Vamos manter os custos baixos, é pelo interesse da nossa nação, então não se demorem e ponham o Falcon 9 Pesado a trabalhar e certificado!”

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