Porque é que a Europa odeia empresas de tecnologia americanas
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A Europa é um mercado fundamental para as empresas de tecnologia norte-americanas. Porém a União Europeia tem criado uma série de entraves legais às empresas de tecnologia dos EUA. Qual será a verdadeira razão de tanto antagonismo?

Hoje mesmo, tem havido uma série de reportagens sobre o tema:

  • A Europa prepara-se para processar a Google, o que pode acabar com uma multa de $6 mil milhões.
  • A Uber emitiu queixas contra Espanha, França e Alemanha, depois de desafios legais desses países.
  • E a UE está a ir atrás do novo negócio de música da Apple antes mesmo deste realmente começar.

As empresas de tecnologia americanas têm sido atacadas por terem um tratamento fiscal favorável (os governos europeus não estão felizes em perder quaisquer receitas tributárias, especialmente com economias que estão em recessão ou estagnação nos últimos sete anos), o presidente dos EUA, Barack Obama diz que a oposição Europeia é uma questão comercial e protecionista. Mas nenhum destes argumentos chega ao centro real do problema.

O ódio transparente da Europa em direção às empresas de tecnologia americanas dominantes, como a Google ou a Apple, é mais cultural do que qualquer coisa.

Por natureza, a Europa tem uma atitude menos positiva em relação à inovação e ao empreendedorismo do que a América. Repare nestes gráficos de um estudo realizado pela Comissão Europeia:

A UE tem também um maior grau de aversão à incerteza do que os EUA. Desta forma, os europeus são naturalmente mais conservadores:

Em Espanha, 65,1% das pessoas que não tenham criado a sua própria empresa concorda com a afirmação "Os empresários só pensam na sua própria carteira." Não é tão alto no resto da Europa, mas o total nos Estados Unidos para a mesma pergunta feita a um mesmo grupo de pessoas é apenas 26,7%.

Da mesma forma, quando se pediu para concordarem ou discordarem com a afirmação "os empresários exploram o trabalho das outras pessoas", apenas 27,9% das pessoas americanas que nunca dirigiu um negócio estava de acordo. Esta percentagem não é tão baixa em parte nenhuma da União Europeia. É mais de 40% em França, 50% na Holanda e mais de 70% em partes da Europa meridional e oriental.

Estas não são pequenas diferenças. É fácil supor que – porque tanto a UE como os Estados Unidos têm sistemas jurídicos europeus e economias relativamente capitalistas – eles são mais semelhantes do que o que realmente são. Mas nesses tipos de questões culturais, a divisão é clara e muito grande.

O fosso cultural ultrapassa empresas de tecnologia dos Estados Unidos. Por exemplo, na Europa, os alimentos geneticamente modificados são regulamentados de um modo tão rigoroso que são efectivamente proibidos, enquanto passam praticamente despercebidos nos EUA. A Europa acabou com o papel de conselheiro científico principal porque a pessoa tinha aconselhado que os OGM eram seguros.

Diante disto, é alguma surpresa especial que os países europeus sejam mais felizes com uma intervenção do governo mais significativa?

A Europa não odeia as empresas de tecnologia americanas por elas serem da América, mas sim, por causa do que elas representam. Inovação é emocionante e assustadora, e os países onde as pessoas são mais adversas ao risco e menos individualistas fazem com que os seus governos os limitem.

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