Começa hoje o grande evento da Google

Chegou novamente a altura do Google I/O, evento em que a empresa revela as coisas mais importantes em que os seus programadores têm estado a trabalhar.

Esta na altura do Google I/O novamente, a época do ano em que a gigante da Internet realiza a sua conferência anual de programadores em San Francisco, mostrando as coisas mais impressionantes em que o seu exército de engenheiros têm trabalhado durante os últimos 12 meses.

O evento, que terá lugar hoje e amanhã, atrai milhares de participantes, todos ansiosos para ouvir de altas patentes da Google – o CEO Larry Page fez um discurso apaixonado e muito discutido sobre o estado da indústria de tecnologia em 2013 –, para aprender sobre os produtos mais recentes, e para pôr as suas mãos nas coisas grátis que a Google tipicamente distribui (no ano passado, os participantes receberam dois smartwatches Android Wear gratuitos).

A Google ainda não disse quem irá discursar no evento deste ano, mas é uma aposta segura que o vice-presidente sénior Sundar Pichai, promovido recentemente para ser o chefe dos produtos Google, irá liderar a apresentação. E apesar da Google não ter discutido quais os produtos que vão estar na ribalta, nós reunimos uma lista provável.

A estrela do show é provável que seja o sistema operacional Android da Google, especialmente se a Google revelar a próxima versão do software, chamado Android M. (As versões do Android são nomeadas em ordem alfabética, com a versão atual L mais comumente conhecida como Android Lollipop. M pode significar qualquer sobremesa – a nossa aposta está em Marshmallow, Milk Shake, ou Mentos.)

O Buzzfeed informou que pode incluir uma caraterística de impressão digital para desbloqueio, o que pode permitir que os smartphones Android compitam com a capacidade dos iPhones de desbloquear o telefone apenas colocando um dedo num sensor especial.

Sundar Pichai, o SVP da Google, deve ser provavelmente o centro das atenções

O novo Android também pode fornecer aos utilizadores mais controlo sobre as informações pessoais a que as aplicações individuais acedem, melhor suporte para comandos de voz, e suporte embutido para pagamentos móveis num só toque através de um novo recurso Pay Android, de acordo com informações da imprensa.

A Google podia ter posto alguns dos novos recursos numa atualização da versão existente do Android Lollipop em vez de lançar a nova versão M. Uma referência ao Android M foi encontrada na descrição de uma sessão no calendário do Google I/O, mas foi prontamente removida depois da notícia se ter espalhado.

A Internet das Coisas é um nome pateta, mas, como tendência tecnológica, está na moda agora. A ideia é que os PCs e smartphones não são as únicas coisas que se devem conectar à Internet. O seu frigorífico, máquina de lavar roupa, carro, e até mesmo as luzes na sua casa de banho, podiam todos ser muito melhores se estivessem ligados a uma rede para que pudessem trocar dados e serem controlados remotamente.

A Google quer ajudar a definir este novo mundo interconectado. A Google comprou a Nest, a fabricante de eletrodomésticos inteligentes por 3,2 mil milhões de dólares no ano passado.

Mas, de acordo com as informações, a Google tem outra jogada da Internet das Coisas na manga chamada Brillo. Basicamente, o Brillo iria fornecer uma plataforma comum para os dispositivos eletrónicos se interligarem. A tecnologia será especialmente adequada para dispositivos eletrónicos de baixa potência que não têm um ecrã, de acordo com a informação.

A emergente competição para controlar a Internet das Coisas vai ser renhida: a Apple, a Microsoft e a Samsung também estão todas a trabalhar na tecnologia.

A Google gosta de tirar as peliculas de novos aparelhos no I/O. Alguns acabam por ser grandes sucessos, como os tablets Nexus 7 de $200 lançados em 2012.

Outros, nem tanto. Veja o Q, um streaming media player em forma de esfera, revelado com grande pompa na mesma conferência de 2012, e, logo seguida, cancelado antes mesmo de chegar às prateleiras das lojas.

Houve paraquedistas a usar o Google Glass que aterraram no topo do Moscone Center, onde a Google estava a ter a sua conferência I/O de developers, em 2012

O Glass é outro exemplo interessante: a Google lançou o dispositivo com uma sequência de paraquedista/bicicleta BMX no I/O em 2012. Mas o Glass nunca pegou no público geral e, em Janeiro, a Google suspendeu as vendas da versão de consumidor, observando que era hora de uma "redefinição de estratégia."

Então, qual será a engenhosa surpresa deste ano?

Uma pista tentadora pode ser encontrada num arquivo que a Google fez com a Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos em Abril. O arquivo é para um produto identificado apenas como "A4R-CAP1" e refere-se a um "dispositivo inteligente BLE," o que significa um dispositivo Bluetooth inteligente de baixo consumo energético. A maioria das informações no arquivo estão redigidas para publicação.

Mas um detalhe em que os bloggers se detiveram é a descrição da e-label do dispositivo. Alguns observaram que a descrição para aceder à tabela – os utilizadores deslizam da esquerda para a direita e de baixo para cima para aceder a certas informações – parecia-se muito com a forma como o Glass é usado, teorizando que este poderia ser o primeiro avistamento do Glass 2.0.

O Business Insider informou recentemente que a equipa do Glass agora parece estar a trabalhar em óculos tradicionais, bem como "outros dispositivos relacionados." Assim, o dispositivo Bluetooth mistério pode ser um dos vários potenciais novos produtos criados pela equipa do Glass.

Ou, dado que a Google também tem iniciativas em TV, realidade virtual e outros aparelhos, o A4R-CAP1 pode ser algo completamente diferente.

A Google levantou ondas no ano passado com o seu headset Cardboard de realidade virtual. Como o nome sugere, o produto é apenas uma concha de papelão que abriga o smartphone de um utilizador. Com o software especial no telefone, a combinação do papelão-smartphone torna-se num headset improvisado de realidade virtual. É um truque simples que deu à Google um espaço no mercado emergente da realidade virtual, que pode tornar-se cada vez mais importante para jogos, entretenimento e até mesmo para fazer compras.

Google Cardboard

Mas com o Oculus do Facebook a preparar-se agora para lançar o seu headset Oculus VR em 2016 e a Microsoft a empurrar para a frente o HoloLens, a Google pode decidir que precisa de fazer um esforço maior na realidade virtual. Uma reportagem do Wall Street Journal de Março disse que a Google está a trabalhar numa versão especial do Android para a realidade virtual.

A Google e a Apple têm ambas os olhos postos no dispositivo móvel mais avançado: o automóvel.

O Android Auto da Google teve a sua festa de lançamento no ano passado na I/O, com anúncios de parceria com fabricantes automóveis e demonstrações das suas capacidades. O Android Auto atualmente exige que um motorista conecte o seu smartphone Android ao carro para aceder a todos os recursos, mas a Google também quer incorporar o Android diretamente dentro do carro. O calendário do Google I/O tem um par de sessões para developers focados no carro, como "Projetando para Dirigir" e "Por a sua app na estrada com o Android Auto."

A batalha pelo pulso está em andamento, com o Apple Watch da Apple lançado recentemente a desafiar a primeira colheita de smartwatches baseados no Android Wear da Google.

Notificações num relógio Android Wear

Os relógios Android Wear, que começaram a ser entregues no verão passado, talvez não tenham feito um grande splash no mercado e a entrada da Apple no negócio significa que a pressão estará na Google para aumentar o seu esforço nos wearables. Os novos parceiros de hardware, a melhor vida útil de bateria e as melhorias no software de rastreio de saúde do Google Fit estão entre as melhorias esperadas, de acordo com alguns relatórios.

Outra teoria interessante é que a Google pode fazer uma versão do Google Now, o seu assistente de tecnologia pessoal, para o Watch, da Apple.

Um novo serviço de partilha de fotografias e armazenamento on-line pode estar a vir num futuro próximo, de acordo com um relatório recente da Bloomberg. O novo serviço seria aparentemente separado do Google+, a rede social em dificuldades que tem até agora servido como o centro para muitas partilhas de fotografias e armazenamento de recursos do Google.

Na verdade, o Google + tem sido um ponto de interrogação desde que o chefe do grupo, Vic Gundotra, deixou a empresa em 2014. Em Março, Bradley Horowitz da Google anunciou que estava a liderar os “produtos de fotografia e streams” da Google. O lançamento de um serviço de fotografia autónomo trará mais perguntas sobre o futuro do Google+.