A Uber dos alfaiates
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George Zimmer, fundador da Men’s Wearhouse acaba de criar uma espécie de “Uber dos alfaiates”. Será o modelo replicável para outras profissões?

Embora tenha sido empurrado da Men’s Wearhouse, George Zimmer ainda quer que você “goste da sua aparência”… mas desta vez propõe-se a faze-lo com uma app.

Outrora a voz e cara da cadeia que fundou em 1973, Zimmer tem vindo a reafirmar-se como um empresário de tecnologia. Na passada segunda-feira, apresentou a sua nova companhia, a zTailors, que consiste num site e app que ligam os clientes com guarda-roupa pouco atrativos aos alfaiates disponíveis para irem às suas casas. “É a Uber para os alfaiates”, afirma o empresário de 66 anos.

Financiando a empresa com fundos próprios, Zimmer acredita que a zTailors – e sim, o “z” é de Zimmer – tem o potencial para transformar milhões de peças de roupa e dar-lhes uma nova vida.

Esta aplicação permite aos clientes marcarem uma hora para um alfaiate visitar as suas casas ou locais de trabalho, e aí medirem e refazerem fatos, camisas, casacos e vestidos. As peças de roupa alteradas são depois devolvidas após alguns dias.

Segundo George Zimmer, o mercado está extremamente recetivo a este negócio:

“Existe uma enorme quantidade de roupa no valor de milhares de milhões de dólares nos guarda-roupas norte-americanos, que se tem vindo a acumular ao longo dos anos”, considera o empresário. “Nem toda esta roupa está no “lado bom” do armário. Alguma já não serve. Quer seja porque encolheu, ou porque as pessoas cresceram.”

De momento, não existe nenhum rival óbvio no mercado. Uma empresa intitulada Combat Gen apresentou um conceito similar no ano passado, sob o nome Haberdash. Contudo, esta aplicação não conseguiu chamar a atenção do público e já foi desativada.

De resto, a própria Uber juntou-se a um alfaiate em Singapura para uma oferta especial, levando a casa dos seus clientes os serviços de um respeitável alfaiate.

George Zimmer, cujo valor tem sido estimado entre 150 e 800 milhões de dólares, é o presidente e principal força financeira por detrás da zTailors. Segundo o próprio, outras pessoas contribuíram para o financiamento desta empresa, mas, apesar da proximidade com Silicon Valley, não há mais empreendedores capitalistas envolvidos.

A zTailors tem estado em “modo invisível” durante os meses mais recentes, operando em várias cidades americanas, e já assegurou os serviços de 600 alfaiates. O plano da empresa é estar presente em todos os 50 estados do país até ao final do ano, tendo por essa altura mais de mil alfaiates ao seu serviço.

Um cliente que já experimentou os serviços da empresa é o californiano Nathaniel Burns, um executivo de uma instituição de crédito. Burns perdeu recentemente 13 quilos e os seus fatos estão agora demasiado largos.

“Eu tinha fatos de milhares de dólares que já não podia vestir,” afirmou este cliente. “Estava curioso para ver se havia alguma solução para eles.”

Utilizando a zTailors, Burns chamou uma costureira para o visitar em casa, um certo dia após sair do trabalho. Ela tirou-lhe as medidas e devolveu os fatos algumas semanas mais tarde, cobrando 450 dólares. Este cliente está agora a planear utilizar a zTailor para ajustar alguns dos seus casacos, bem como os vestidos da sua mulher.

A motivação de George Zimmer é, em parte, o desejo de ajudar os alfaiates. Um alfaiate nos Estados Unidos ganha em média 38 mil dólares por ano, revelou o empresário, acrescentando que a sua empresa poderá oferecer o dobro desse valor. Simultaneamente, os alfaiates são uma força de trabalho muito fragmentada, sem haver uma cadeia nacional a oferecer um produto fíável e reconhecível pelo público.

“Os alfaiates merecem esta oportunidade para tirar partido dos smarthphones, para duplicarem os seus ordenados e aproveitarem os frutos do seu trabalho”, considera Zimmer.

Os preços atuais são de 20 dólares para ajustar uma camisa e 16 dólares para fazer a bainha a um par de calças. Mas o presidente desta empresa considera que o negócio irá florescer assim que o alfaiate estiver em casa do cliente.

Um alfaiate que se juntou à empresa desde logo foi Mario Galvan, um antigo empregado da Men’s Wearhouse. O primeiro serviço de Galvan através da zTailors foi para visitar uma casa na costa de Los Angeles, onde um cliente queria refazer um total de 30 camisas. A conta final foi de 800 dólares.

“É uma grande oportunidade quando alguém nos dá basicamente tudo aquilo que tem no seu guarda-roupa”, considerou Mario Galvan. “Conseguir um serviço destes logo ao início foi fantástico.”

Agora, o alfaiate afirma que poderá ganhar mais de 100 mil dólares por ano.

“Desde que seja flexível e goste de trabalhar, o céu é o limite”, afirmou.

A zTailors fica com 35% de cada serviço. O valor é elevado, mas a empresa afirma que os empresários vão concluir que vale a pena, dado o aumento no volume de trabalho.

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