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Tratou-se de um recorde nacional

A organização ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável e a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) analisaram os dados da Rede Elétrica Nacional (REN) referentes à semana passada e concluíram que o consumo de eletricidade em Portugal foi totalmente assegurado por fontes renováveis ao longo de quatro dias seguidos.

Tratou-se de um marco importante no esforço contínuo de transição para as energias renováveis no país: o consumo de energia renovável sem necessidade de recorrer a combustíveis fósseis. De acordo com a ZERO, em comunicado, tratou-se de “um recorde muito importante”.

No final do século passado Portugal foi apontado pela WWF como um dos maiores produtores de emissões de CO2 em toda a Europa. No entanto, a situação está a mudar. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE) Portugal consumiu 25,7% de eletricidade proveniente de renováveis em 2013 e 63% em 2014. Em 2015, devido à seca, apenas 50,4% da eletricidade foi gerada a partir de fontes renováveis.

E agora, ao longo de quatro dias, Portugal produziu suficiente energia limpa e sustentável para atender as necessidades da população. O feito foi possível graças ao grande impulso em direção à energia solar, eólica e hídrica e a um empurrão da União Europeia – que emitiu uma diretiva que avança que os Estados-membros devem produzir pelo menos 31% de energia proveniente de fontes renováveis.

De acordo com relatórios oficiais, Portugal consumiu energia verde entre as 6h45 de sábado (7 de maio) e as 17h45 da passada quarta-feira (11 de maio). Tal totalizou 107 horas seguidas durante as quais o país não teve de recorrer a outra fonte de produção de eletricidade não renovável, como o carvão ou gás natural. Tal como avançado em comunicado pela ZERO:

“Não foi preciso recorrer a nenhuma fonte de produção de eletricidade não renovável, em particular à produção em centrais térmicas a carvão ou a gás natural.”

Além das necessidades de consumo do país terem sido asseguradas a 100% por fontes de produção de origem renovável, Portugal foi ainda capaz de exportar uma percentagem significativa de eletricidade – quer de origem exclusivamente renovável quer complementada em alguns casos por fontes não renováveis.

De acordo com a associação ZERO:

“Se chuva e vento permitem estes recordes na primavera, torna-se imperioso fomentar e avaliar as mais-valias do aproveitamento da energia do sol e, assim, assegurar que no verão também venhamos a ter contribuições significativas de fontes de energia não emissoras de gases poluentes.”

De acordo com a mesma:

“Portugal pode ser mais ambicioso na transição para um consumo de energia elétrica 100% renovável” com significativa redução das emissões de gases com efeito de estufa – causadores do aquecimento global e consequentes alterações climáticas.

Trata-se da segunda grande vitória em termos de energias renováveis na União Europeia este mês: no mês passado o governo alemão avançou que o país tinha produzido excedente de energia renovável – num domingo particularmente solarengo e ventoso.

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