Estará a Apple criando uma nova empresa?
Robert Galbraith/Reuters
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A Apple está a aumentar o investimento em I&D a um ritmo acelerado

É expectável que a Apple invista mais em investigação e desenvolvimento (I&D) este ano e no próximo, mas porque será?

A Above Avalon de Neil Cybart, analista financeiro de longa data que consegue prever com maior precisão os ganhos da Apple (NASDAQ: AAPL), lançou uma investigação aprofundada sobre os esforços que a empresa tem realizado em termos de I&D. Os resultados mostram que a Apple está a aumentar o investimento na área a um ritmo acelerado, o que sugere que em poucos anos "não nos referiremos à Apple como a empresa do iPhone."

Estará a Apple criando uma nova empresa?
Alessia Pierdomenico/Reuters

O analista vasculhou as finanças da Apple para fazer um estudo retrospetivo de como a empresa tem vindo a investir em I&D ao longo dos anos. Concluiu que a Apple gastou mais de 4 mil milhões de dólares em 2013 e 6 mil milhões de dólares em 2014. Em 2015, os custos de I&D subiram para 8 mil milhões de dólares. Neste momento, acredita que a Apple está a caminho de gastar mais de 10 mil milhões de dólares este ano e mais de 12 mil milhões de dólares no próximo.

"É um feito notável, considerando que a Apple gastava pouco mais de 3 mil milhões de dólares por ano em I&D há apenas quatro anos atrás." – Escreveu.

O aumento do investimento em I&D – sem precedentes quando comparado com os gastos de 1996 – sugere que algo grande pode estar para acontecer na Apple, argumenta Cybart. Enquanto reconhece ser possível a despesa crescente dever-se ao desenvolvimento de uma linha de produtos mais ampla ou ao facto da empresa querer tentar explorar mais categorias de produtos, acredita também que a razão mais provável será a Apple querer transformar-se num tipo diferente de empresa.

"A Apple aumenta a I&D porque tem grandes apostas que exigem um aumento maciço de investimento." – Escreve Cybart. "As duas áreas mais lógicas para estas apostas são os wearables (dispositivos utilizáveis) e os meios de transporte pessoal. Em ambos os casos, a Apple move-se muito além da sua zona de conforto – vender pedaços de vidro que cabem numa mão. Em vez disso, a Apple está literalmente a construir uma nova empresa com outros recursos e pontos fortes".

Os comentários de Cybart chegam em simultâneo com os crescentes rumores de que a empresa está a desenvolver um carro elétrico. Embora a própria Apple não tenha assegurado que está a desenvolver um carro, deu a entender que tem planos nesse sentido e que fez contratações estratégicas nesse mercado. O diretor executivo da Testa (NASDAQ: TSLA), Elon Musk, diz que as ambições da Apple no mundo automóvel são um "segredo aberto" na indústria.

Enquanto isso, a Apple parece empenhada na ideia do seu wearable, Apple Watch, poder ser o dispositivo principal para o que se espera ser um boom na indústria. Apesar da Apple ainda não ter partilhado os números das vendas do seu wearable, a maioria dos analistas acredita que a empresa lidera o mercado com uma larga margem.

A ideia de que a Apple irá sofrer uma reviravolta, como Cybart afirma, parece bastante ousada. No entanto, no último relatório trimestral da empresa, divulgado a 26 de março, o iPhone, que ocupa a maior fatia do seu funcionamento, viu a receita diminuir 18% a nível anual para os 32,9 mil milhões de dólares. Entretanto, as vendas do iPad e do Mac também caíram. No total, a receita de 50,6 mil milhões de dólares da empresa caiu 13%.

Essas questões, juntamente com o desempenho decepcionante na China, conduziram ao aumento da preocupação entre os investidores. Enquanto isso, o diretor executivo da Apple, Tim Cook, foi forçado a acalmar os receios, dizendo que o problema é apenas temporário. Prometeu também grandes acontecimentos para o futuro, mas não disse exatamente quais. Até lançou a ideia da Apple poder vir a fazer o maior investimento alguma fez feito pela empresa numa nova aquisição.

Simplificando, grandes mudanças podem dar-se passo a passo.

No entanto, para Cybart, os gastos em I&D fazem com que as perspetivas – dessas grandes mudanças – pareçam reais. O analista argumenta ainda que a empresa vai realmente entrar no negócio dos automóveis.

"A Apple não gasta atualmente 10 mil milhões de dólares em I&D apenas para criar novos relógios digitais, iPads maiores ou um serviço de streaming de vídeo" – Escreveu Cybart no seu blog. "Em vez disso, a Apple projeta algo muito maior: um pivô para a indústria automóvel."

Cybart acrescentou que o termo “pivô” se refere ao facto da Apple pegar no que aprendeu dos outros mercados, como o dos Macs e iPhones, utilizando como vantagem no mundo dos carros.

"A Apple foi planejada para mudar de produto em produto, de indústria em indústria", disse Cybart quanto à estrutura organizacional da empresa. "Vemos a empresa a fazer isso mesmo ao entrar no mercado dos smartphones e logo de seguida no mercado dos wearables e, em breve, no mercado dos automóveis."

Tendo em conta todos os dados e despesas, Cybart avança que as hipóteses da Apple vender o seu próprio carro elétrico são de “80%".

"A Apple quer ir além do iPhone." – Prevê o analista.

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