Um apanhado do progresso realizado ao nível de diferentes tecnologias – que promete mudar a cara do segmento energético nos próximos 20 anos
Inovações ao nível do armazenamento de energia, de redes inteligentes e de tecnologias de produção de eletricidade vão afetar todas as etapas da cadeia de abastecimento energético do planeta, desde a fonte ao consumidor.
A tecnologia de aprovisionamento de energia promove a viabilidade da produção eólica e solar – duas fontes energéticas que mantêm preços proibitivos em virtude da despesa associada às baterias para armazenamento da energia produzida.
As redes inteligentes hão de regular a circulação de energia dentro de determinada cidade ou estado, protegendo as áreas mais sensíveis e suscetíveis a falhas.
E desenvolvimentos na produção de eletricidade irão assegurar que maximizamos o uso de combustíveis fósseis e de outras formas de energia para aumento da eficiência.
O que se segue é um apanhado do progresso realizado no respeitante a cinco diferentes tecnologias que prometem mudar a cara do segmento energético nos próximos 20 anos.
1. Células de combustível
Os fabricantes de caminhões Kenworth, Toyota e UPS começaram investindo em tecnologia de células de combustível, o que permite aos veículos de transporte funcionar a hidrogênio e oxigênio e gerar apenas emissões de água e calor. A atual produção de hidrogênio ainda exige o uso de largas quantidades de combustível fóssil mas o processo pode em breve vir a ser alimentado por energia renovável, tornando os veículos com células de combustível alternativas ecológicas às soluções de transporte correntes.
Na Europa, fábricas de células de combustível lançarão 50.000 pilhas até ao ano 2020, fazendo da Intelligent Energy, no Reino Unido, a líder de mercado de massas ao nível de tecnologia verde. “Veículos alimentados por células de combustível de hidrogênio já estão disponíveis, mas para assegurar adesão temos de garantir que as pilhas são produzidas em larga escala e mantêm um preço competitivo no futuro” disse o Diretor de Fabrico da empresa Richard Peart.
2. Baterias de lítio-ar
Este equipamento de armazenamento, também conhecido por células de combustível de lítio-oxigênio, está em gestação em laboratórios de todo o mundo desde o princípio dos carros elétricos. O Science Daily adianta que dois aspetos problemáticos da atual tecnologia têm impedido que chegue ao grande mercado: circuitos curtos imprevisíveis e rápida perda de capacidade das baterias. A Universidade de Cornell resolveu recentemente a segunda questão, o que significa que é possível que estejamos apenas a uma solução engenhosa de distância de carros elétricos de longo-alcance.
3. Rede inteligente de primeira geração
O primeiro passo para um sistema de rede inteligente seguro e fiável passa pela instalação de medidores inteligentes em todas as casas e edifícios. Os novos medidores enviam depois a informação em tempo real para o provedor de energia elétrica, permitindo ajustes de fluxo em função das necessidades mais recentes da zona. Até agora países como o Reino Unido estão tendo dificuldades em adaptar a tecnologia à infraestrutura nacional e legislação corrente. Os Estados Unidos aderiram à moda da rede inteligente em 2007 e montaram uma equipa técnica para garantir o acolhimento sincronizado da nova tecnologia. O processo tem sido lento mas há comunidades menores que já começaram projetos de microrede que vão permitir ser a demanda impulsionando a transição.
4. Turbinas de marés
Tal como as turbinas eólicas, as azenhas criam energia a partir do movimento das marés. Esta forma de energia verde teve, até agora, um sucesso limitado – com objeções da parte de pescadores, bem como acidentes, causando recentemente um retrocesso do setor na Califórnia. Todavia a ciência por detrás desta tecnologia continua dando cartas. A Scotrenewables Tidal Power anunciou o lançamento de uma turbina de baixo custo ao largo da Escócia. Se trata também da “maior e mais potente” turbina do gênero no mundo, com, segundo os fabricantes, uma capacidade de geração de dois megawatts. Um braço retratável permite ao equipamento assumir um modo de transporte, em separado do modo de funcionamento, o que facilita a portabilidade e promete inconstância, um aspeto que agrada à indústria pesqueira.
5. Energia solar espacial
Energia solar captada para lá dos confins do céu azul tem sido objeto de ficção científica desde a década de 70. O elevado custo de transporte dos painéis e outro equipamento até ao espaço tem impedido a ideia de se tornar rentável no que toca a produção energética comercial. Além de que o envio da energia gerada de novo para o planeta Azul é um problema – os painéis solares montados em terra teriam acesso à rede de abastecimento local para distribuição, mas é curioso imaginar um satélite no espaço ligado à Terra por via de um cabo de entrega de energia. Tal levou cientistas ao desenvolvimento de tecnologia de transferência de energia sem fios, semelhante à funcionalidade de carregamento wireless do iPhone. Porém, nenhum dos métodos atualmente existentes apresenta potencial de concretização em larga escala. Qualquer sugestão é bem vinda.
Os avanços referidos acima estão (inter)relacionados: o desenvolvimento das baterias de lítio-ar abre caminho para o sucesso dos carros elétricos, que seriam recarregados com energia oriunda das marés ou solar espacial. É um pequeno passo para a ciência, mas um salto gigante para a energia verde.