Na noite da passada segunda-feira uma comissão especial do Parlamento brasileiro votou a favor da abertura do processo de impeachment quanto à presidente Dilma Rousseff.
Depois da reunião de oito horas - acompanhada pelos gritos “Fora Dilma!” e “Não vai ter golpe!” por parte da oposição - 38 membros votaram a favor e 27 contra o impeachment.
O próximo passo será uma votação na Câmara dos Deputados, agendada para domingo. Se dois terços, ou seja, 342 membros dos 513 deputados federais apoiarem o impeachment o caso seguirá para avaliação do Senado.
Rousseff é acusada de diversos crimes de corrupção. A presidente negou ter cometido qualquer irregularidade.
Em São Paulo - o foco do sentimento anti-Rousseff - residentes sopraram vuvuzelas e motoristas buzinaram pelas ruas depois da votação de ontem. No Rio de Janeiro, milhares de apoiantes do governo reuniram-se para defender Rousseff - no entanto também foi possível ver manifestantes com cartazes exigindo o impeachment e o golpe de Estado.
O resultado da votação contra a presidente foi o esperado. No entanto, a margem de derrota (para Rousseff) acima do esperado – o governo esperava receber 31 votos contra o impeachment em vez de 27 – é um mau sinal para a votação que decorrerá no próximo domingo.
Substituto
A mídia brasileira lançou ontem uma gravação do potencial sucessor de Rousseff, o vice-presidente Michel Temer, ensaiando um discurso para assumir o poder.
“Muitos pediram para dizer algumas palavras preliminares à nação… Como substituto constitucional” de Rousseff, disse o vice-presidente na gravação. Um porta-voz de Temer confirmou a autenticidade do áudio que foi divulgado por acidente.
Se Rousseff for julgada pelo Senado terá que renunciar temporariamente - por um período máximo de 180 dias. Nessa situação Temer torna-se presidente interino. Caso Rousseff seja destituída das suas funções Temer poderá ficar no poder até o final do seu mandato. Será de destacar, no entanto, que o Supremo Tribunal considerou, a 5 de abril, que o Congresso deveria abrir um processo de impeachment também contra Temer com base nas mesmas alegações.
O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) de Temer apoia o impeachment de Rousseff.
Alguns dos adeptos de Rousseff consideraram a gravação uma divulgação intencional para influenciar legisladores e abalar a presidente.
“Michel Temer tem que respeitar o mandato - sem trabalhar como instigador de golpe,” disse o deputado Ivan Valente do Partido Socialismo e Liberdade.