Comino: como minerar criptomoedas e aquecer a casa ao mesmo tempo
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27 de Dezembro de 2017

Mix, autor de artigos sobre tecnologia na The Next Web, partilhou a sua experiência depois de usar o Comino

Em outubro, enquanto navegava na Internet, me deparei com uma engenhoca estranha, mas deveras fascinante: um minerador de criptomoedas que aproveita o calor gerado na acumulação de Ethereum para aquecer divisões da casa.

Pouco depois de eu ter escrito um artigo sobre esta ferramenta peculiar, a Comino – a startup russa que está por trás da invenção – nos contatou e teve a gentileza de se oferecer para nos enviar um dos mineradores para que o testassemos este inverno. Aceitamos a oferta com todo o gosto e, passadas umas semanas, já tínhamos o Comino instalado no nosso escritório acolhedor em Amesterdão.

Agora que temos este cripto-aquecedor funcionando há pouco mais de um mês, estamos finalmente prontos para partilhar a nossa experiência com este dispositivo. Mas, antes de falarmos sobre o seu desempenho, vamos tratar dos aspetos técnicos.

Empenhado em entregar o dispositivo em perfeitas condições, o cofundador da Comino, Evgeny Vlasov, veio de avião de Moscou até Amesterdão juntamente com o seu sócio Anatoliy Knyazev (não confundir com o seu [homônimo, o vilão da DC Comics KGBeast](http://dc.wikia.com/wiki/Anatoli_Knyazev_(New_Earth)).

A dupla montou rapidamente o cripto-aquecedor e nos explicou detalhadamente a tecnologia usada pela máquina.

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Vlasov e Knyazev tiveram a ideia para o Comino depois de se depararem com a oportunidade de colmatar uma lacuna tecnológica no mercado florescente das moedas virtuais, criando uma solução de mineração que até um novato da encriptação possa pôr em prática.

Assim, o Comino está entre os primeiros mineradores cujo público-alvo são os consumidores habituais e não apenas os entusiastas mais ferrenhos da criptografia.

“Hoje em dia isto já é um clichê, mas queremos ser a Apple dos mineradores de criptomoedas”, disse Knyazev à TNW. “Queremos fazer um produto que todos usem facilmente. Idealmente, não será sequer preciso ler as instruções; ligamo-lo e começa a trabalhar.”

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Dito isto, o Comino, cujo sistema operativo é uma versão personalizada do Ubuntu, pode ser facilmente adaptado a tarefas não relacionadas com a mineração. Aliás, Vlasov nos contou que a Comino costuma receber pedidos de investigadores que trabalham com tarefas de computação muito complexas e estão interessados em adaptar a máquina a outras finalidades.

Esta demanda não se deve apenas às componentes que se encontram no interior da caixa, mas também à eficiência e qualidade da sua construção robusta. Vlasov e Knyazev são os primeiros a reconhecer que o verdadeiro valor do Comino – pelo menos, no que diz respeito ao hardware – está nas componentes que ligam todas as unidades de processamento gráfico instaladas no interior do cripto-minerador.

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Vlasov nos explica que, ao contrário dos mineradores caseiros, que costumam ser mais volumosos e barulhentos, o Comino foi concebido para ser mais discreto e compacto. Está também equipado com um sistema de refrigeração de água exclusivo da marca. Vlasov e Knyazev garantem que manterá a máquina viva durante anos, uma esperança bastante mais longa do que a da maioria das torres de mineração.

O site da Comino garante que a máquina tem um nível máximo de ruído de cerca de 30 decibéis e, embora eu não seja perito em ruído, o modelo experimental que testamos era bastante silencioso; muito menos ruidoso do que um termoventilador.

De fato, é tão pouco ruidoso que, a dada altura, Knyazev confundiu, estranhamento, o som do pequeno aquário que temos no escritório com o do Comino. O cripto-aquecedor é, efetivamente, menos barulhento do que um aquário.

Eis alguns vídeos que podem dar uma ideia melhor do som provocado pelos mineradores caseiros:

Além do sistema exclusivo de refrigeração de água, o dispositivo inclui uma panóplia de componentes feitas à medida – cabos, conectores, risers – para garantir a longevidade do dispositivo.

A Comino optou por produzir os próprios risers porque as alternativas disponíveis na indústria não ofereciam a mesma resistência aos sinais e ondas de elevada intensidade a que as torres de mineração estão sujeitas. Vlasov prevê que todos estes pormenores garantam ao minerador uma longevidade de entre cinco a dez anos.

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Quanto ao resto do hardware, o Comino N1 (o modelo que testamos) inclui oito placas gráficas ASUS P106-100 6G montadas em uma motherboard ASUS PRIME Z270-A, bem como três ventoinhas NOCTUA NF-A14 PPC-2000 PWM, um radiador Black Ice NEMESIS GTX420 personalizado e duas fontes de alimentação Chieftech PROTON BDF-750C 750W. Estas peças potentes totalizam 1kW de consumo elétrico por hora. Não se esqueça de confirmar o preço da eletricidade na sua zona para saber quanto pesará na conta da luz.

Esta engenhoca tem 63,5 cm de altura, 45,9 cm de comprimento e 17,5 cm de largura, o que significa que a encaixamos facilmente em um canto que não esteja sendo usado e nos esquecemos dela enquanto minera por nós. Foi exatamente o que fizemos.

Quando instalamos a torre de mineração no escritório, o que na prática se traduziu na ligação do cripto-aquecedor à Internet através do painel de controle online desenvolvido pela Comino, ela criou automaticamente uma carteira e começou minerando Ethereum. Tão simples quanto isto.

Claro que, se já tivermos uma carteira, ainda temos a opção de a ligarmos através do painel de controle. Também podemos ligar qualquer outra torre de mineração ao painel de controle do Comino, caso queiramos acompanhar todas as nossas minerações em um só lugar.

Entre outras coisas, o painel de controle online nos mostra uma série de estatísticas que os desenvolvedores da Comino prepararam para serem monitorizadas, incluindo a taxa de hash com a qual o mineiro resolve quebra-cabeças criptográficos, a temperatura atual do equipamento, a temperatura média a que funciona e ainda o saldo não liquidado de Ethereum acumulado. Também nos mostra informações sobre a temperatura de cada GPU.

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Desde que instalamos o minerador, a 16 de novembro, este transferiu um total de pouco mais de 1,2 ETH para a minha carteira, o que perfaz cerca de 1 ETH por mês. No momento em que escrevo este texto, os lucros da minha mineração atingem os 814 dólares, de acordo com o CoinGecko.

Graças à forma como o sistema está instalado, o minerador vai transferir Ethereum para a carteira que escolhermos sempre que tiver minerado um mínimo de 0,2 ETH.

Como podem observar nas capturas de ecrã mais abaixo, o Comino N1 mantém uma taxa média de hash de cerca de 200 MH/s e uma temperatura média de cerca de 60ºC.

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Embora alguns destes dados sejam visíveis no mostrador LCD do dispositivo, é provável que venha a interagir mais com o painel de controle online do que com o próprio minerador – e foi isto que Vlasov e Knyazev previram.

Tirando uma ou outra exceção em que tivemos de reiniciar o minerador na sequência de um erro no ecrã LCD (que não afetou o processo de mineração), raramente tive de interagir com a máquina; isto é algo positivo, sobretudo para alguém que pretende armazenar criptomoedas sem se preocupar com problemas técnicos.

Ao longo deste período experimental de um mês, o único problema que tive com o minerador foi o fato de, por alguma razão, o sensor da temperatura ambiente medir incorretamente a temperatura das GPU no interior (que tinham acabado de fazer uma pausa no processo de mineração); isto impedia que o dispositivo reiniciasse antes de arrefecer um pouco.

Mas, tirando isto, correu tudo sobre rodas. Após denunciar esta pequena avaria a Vlasov, ele disse que a equipe está trabalhando em uma solução que permita à máquina iniciar, mas que só a deixe minerar quando a temperatura tiver arrefecido até um nível mais aceitável.

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O minerador Comino não é barato – cada máquina custa 5.000 dólares (neste momento está com desconto e custa apenas 4.500 dólares), mas, se procura uma maneira fácil de se iniciar nas artes da mineração de criptomoedas, este dispositivo é bastante eficiente.

Para ser sincero, provavelmente consegue construir uma torre de mineração mais barata, mas Vlasov e Knyazev estão céticos em relação à longevidade das torres de mineração amadoras. Claro que, se nenhuma das opções lhe agradar, pode sempre encaixar o seu minerador de criptomoedas no porta-bagagens do seu Tesla, como este tipo se dedicou a fazer.

E, caso tenha dúvidas quanto à fiabilidade do Comino enquanto aquecedor: mantém a temperatura quente o suficiente para pouparmos na luz, mas não o suficiente para nos fazer ligar o ar condicionado. É precisamente o que queremos de uma máquina concebida para processar transações com criptomoedas.

Fonte: The Next Web

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